Vivencio a história
da política brasileira há quase 40 anos, desde que votei pela primeira vez.
Talvez aquela eleição de 1974 tenha sido um marco na história do país, visto
que estávamos em pleno regime militar e as disputas eleitorais diretas se
restringiam a eleição de prefeitos, vereadores, deputados estaduais e
federais e senadores. No caso dos
senadores apenas parte deles eram
eleitos e os demais nomeados pelo regime. Eram eleitos de forma indireta os prefeitos das capitais , os governadores
de estado e o presidente da república. Não nos cabe aqui detalhar estes
processos, porém evidenciar que chamava-se de democracia a um regime ditatorial
em que os militares não queriam abrir mão do poder, na luta contra o comunismo
da então chamada guerra fria travada pelos Estados Unidos e a União Soviética.
Digo que a eleição de 1974 foi histórica porque marcou um avanço enorme da
oposição, na época representada pelo MDB-Movimento Democrático Brasileiro,
única força oposicionista legal para os padrões da época, mostrando a
insatisfação do povo brasileiro com a ditadura militar.
Passados todos estes anos, a democracia evoluiu e hoje temos
eleições diretas para todos os cargos executivos e legislativos
das esferas federal, estadual e municipal e uma infinidade de partidos
legalizados que representam as mais variadas correntes de pensamento vigentes.
Porém ao acompanhar o processo democrático das pequenas
cidades fica fácil visualizar algumas falhas no processo atual, que tentaremos
enumerar sequencialmente:
1)
A Inexistência de segundo turno acaba por eleger
candidatos que não significam a preferência da maioria dos eleitores. Exemplo
claro disso foi a eleição para prefeito de Tapiraí em que o candidato eleito
teve apenas 35 % dos votos válidos, ou seja 65 % do eleitorado, portanto a
grande maioria , não o queriam como
prefeito.
2)
Grande parte dos candidatos a vereador vê a
eleição como a oportunidade de obter um emprego público. São pessoas
despreparadas e malformadas sem a mínima noção do verdadeiro papel do
legislador.
3)
Uma
enormidade de funcionários públicos municipais se candidata a vereador buscando
principalmente o afastamento das funções por três meses em que não trabalham e recebem
seus salários, gerando um enorme prejuízo ao município. Mais que isso
aproveitam-se dos cargos públicos que ocupam para sua auto-promoção, trocando
pequenos “favores “, inerentes a sua função por votos.
A solução destas três questões não é tarefa fácil diante de
um eleitorado mal informado . Me parece difícil estabelecer uma legislação
capaz de inibir estas práticas tão comuns nas pequenas cidades, porém acho que o
assunto deva ser debatido na busca de
soluções. Mais que isso cabe-nos pregar a mudança comportamental do eleitor para
que passe a ver os candidatos como agentes de mudança e não meros perpetuadores
destas práticas que só contribuem para a eterna estagnação.