Total de visualizações de página

terça-feira, 26 de abril de 2011

O ÚLTIMO JOGO DE PELÉ EM SÃO PAULO


Nos anos 70, como já disse antes, o futebol era empolgante. Depois que o Brasil ganhou o tricampeonato no México era difícil alguém que não torcesse para nenhum time. Os ingressos eram baratos e  não havia transmissão direta pela televisão. Nas noites de domingo se via o vídeo-tape do principal jogo, geralmente um clássico.
As capacidades dos estádios era muito maior, porque não haviam as restrições de segurança que existem hoje.  Como o São Bento de Sorocaba era da primeira divisão, os times grandes vinham jogar em Sorocaba. Ainda não havia o CIC e os jogos em Sorocaba eram no estádio Humberto Reali na rua Nogueira Padilha, um estádio minúsculo, em que em um dos lados as arquibancadas eram de madeira, como se fosse um circo.
Fui muito a estádios de futebol na minha juventude. Tínhamos uma turminha formada pelo Shigue Inada, Hideke inada, Augusto Martinelli, Paulinho e Zé Cavalcante, Márcio , Chola e mais alguns que não me lembro o nome que sempre estávamos indo a Sorocaba ou Sâo Paulo assistir  futebol nos estádios. Quem nos levava era o Shigue com a Kombi do pai dele, o seu Inada.
De todos os jogos que assisti, talvez o mais importante, tenha sido o clássico Santos x Corinthians em 1974, no estádio do Pacaembú. Este foi o último jogo de Pelé em São Paulo. Depois disso ele fez a sua despedida em Santos e parou de jogar no Brasil. Alguns anos depois voltou a jogar no time do Cosmos nos Estado Unidos.
Me lembro bem que o resultado do jogo foi 1x0 para o Corinthians com um gol de Rivelino. Haviam 63 mil pessoas no Pacaembú e o árbitro foi Armando Marques. Me lembro do final do jogo, com uma multidão de repórteres sobre Pelé querendo ouvi-lo.  Tinha levado um radinho de pilha e achava o máximo estar ouvindo e vendo de pertinho o maior jogador de futebol de todos os tempos. Nem imaginava que estava eu ali vivendo um dos momentos mais importantes do futebol brasileiro. Mais um privilégio a que devo agradecer. Coisas de um passado maravilhoso, do qual fiz parte.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

DONA JOVINA E O BOIADEIRO


Dona Jovina Ferreira Magalhães, minha mãe nasceu no Ceará e veio para Tapiraí no inicio dos anos 40, com meu pai e mais 3 filhos pequenos. A viagem durou mais de um mês e foi feita sobre a carroceria de caminhão (pau-de-arara), e em certo trecho pelo Rio São Francisco por uma embarcação rude e insegura. Vieram para Tapiraí porque aqui já morava a família de um parente , o Zé Ribeiro. Foram morar no bairro da Água  Doce, primeiro na estrada que dá acesso ao Alecrim e depois a beira da rodovia, um quilometro além de onde até hoje mora a Bruna e o CIdo. Viveu na Agua Doce até 1968, quando meu pai adquiriu um Armazém em Tapiraí e nos mudamos para a cidade. Já éramos então 11 filhos.
Do  Boiadeiro, não sei  o nome. Ele apareceu em  Tapiraí no início dos anos 80. Segundo se comentava ele era funcionário de um circo que se armou por aqui e conheceu uma tapiraiense pela qual se apaixonou . Quando o circo foi-se embora, resolveu ficar por aqui. Por algum tempo viveu com a moça , porém com a bebedeira e a vida boêmia, acabou sozinho, sem parentes e sem ninguém e virou um morador de rua de Tapiraí. Dormia em um barraco nos fundos de onde hoje é o Centro Cultural.  Nessa época minha mãe já estava com os filhos criados e sem meu pai que infelizmente faleceu muito novo. Minha mãe morava nos fundos do Armazém agora tocado pelos meus irmãos (em frente ao posto Aoki).
Eis que num belo dia o Boiadeiro, bateu a porta de minha mãe e pediu um prato de comida. Minha mãe prontamente lhe serviu. Ele sentou-se a beira da casa em um banco de madeira e ali almoçou. Daquele dia em diante, virou “freguês” assíduo de minha mãe. Virava e mexia ,la estava ele a janela de minha mãe pedindo um prato de comida, que minha mãe jamais negou.
Em 1991, minha mãe faleceu aos 77 anos. O Boiadeiro nesta época devia ter uns 40 anos. Estávamos todos tristes com a morte de minha mãe, porém conformados diante do fato de ela ter vivido de uma forma feliz a sua maneira, criando seus filhos e sendo  sempre amável , calma e muito religiosa, sem nunca discutir com ninguém. Mas eis que chega ao velório de minha mãe o Boiadeiro em prantos..., aproximou-se do esquife e pronunciou as seguintes palavras em voz trêmula: “ E agora..., quem é que vai me dar um prato de comida?”.
A cena comoveu a todos os presentes. Passados alguns anos, o Boiadeiro morreu atropelado por um veículo na madrugada de Tapiraí . Ninguém viu qual era o caminhão e nem quem era o motorista.Talvez pela humildade da pessoa do Boiadeiro, e por estar sempre bêbado, nem sequer se investigou quem foi  o assassino.
Estou narrando esta estória, porque ela faz parte da minha vida . O episódio do velório da minha mãe foi como que uma encomenda do além para nos mostrar o quanto minha mãe , na simplicidade do seu gesto tinha a ensinar a nós todos , seus filhos , netos e bisnetos.
Que todos tenham um velório como o de minha mãe!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

FERIADÃO DE TIRADENTES E PÁSCOA....PODERIA SER DE FESTA EM TAPIRAÍ


O Brasil inteiro vive clima de feriado a partir de hoje. Nas grandes cidades as pessoas assistem as encenações da Paixão de Cristo ou participam das celebrações cristãs, porém grande parcela da população destas cidades, costuma viajar aproveitando os feriados. Dirigem-se  para cidades litorâneas , cidades serranas ou cidades tranqüilas buscando fugir à  rotina de estress e correria das cidades grandes. Tapiraí encontra-se a menos de 200 km de várias grandes cidades : São Paulo,Sorocaba, Campinas,Americana,Piracicaba,etc,além de outras de médio porte como Votorantim, Itapetininga, Itú, etc.
Poderíamos  usufruir  desta oportunidade e utilizar  nossos valiosos recursos naturais, para estarmos com a cidade repleta de turistas que poderiam deixar uma soma significativa de recursos, movimentando pousadas, hotéis, sítios,restaurantes, farmácias, supermercados , lanchonetes etc. Poderíamos estar com uma feira ampla de artesanatos na praça com a população ganhando o dinheiro dos turistas. Poderíamos ter passeios de jipe, passeios de bicicleta, passeios a cavalo, passeios de charrete , tudo isso gerando renda a população local.
No entanto, o panorama é e bem outro. Exceção feita a Padaria Cinco Estrelas e a  Lanchonete Cabeça da Anta e talvez mais alguns  comércios situados à beira da rodovia SP79, ninguém mais  aproveitou esta grande oportunidade que a ocasião ofereceu.
Apesar de há mais de 20 anos se falar em transformar a cidade em ponto turístico a coisa não acontece. Entre idas e vindas, talvez nunca tenhamos  estado tão em baixa com atualmente.
A meu ver falta acima de tudo, visão de quem detém o poder político na cidade, que ainda não entendeu que a Prefeitura deve ser o órgão central coordenador das ações que podem incrementar o turismo a nível local. As  ações são tímidas e inadequadas e as pessoas escaladas para a tarefa são inexperientes e despreparadas. Jaqueline Crene que já ocupou o posto na melhor época, atualmente  morando em outro município muito distante daqui ainda consegue mais divulgação da cidade do que a atual funcionária, que por coincidência é sobrinha do nobre prefeito. Acho que basta isso para identificar a causa do nosso fracasso.

domingo, 17 de abril de 2011

O ENGRAÇADO ZÉ CORONHA


Talvez tenha sido a figura mais engraçada que já viveu em Tapiraí. Eu, pelo menos vi poucas pessoas tão  engraçadas como ele. Zé Coronha (José de Azevedo), morava numa casa de madeira no local onde hoje está a loja do Márcio Manzani. Era casado com Dona Antônia (grande cozinheira que trabalhava no restaurante do Zeca e ainda é viva) e pai de muitos  filhos (com certeza mais de dez) , alguns dos quais ainda vivem por aqui : Geraldo (açougueiro do Fio), Sônia e José Aleixo. Zé Coronha era um adulto com alma de criança. Brincava com a vida , levando-a sempre na brincadeira, que de tão séria para ele virava realidade. Assim era que ele assumia múltiplas personalidades. Havia dias em que dizia-se médico . Se vestia de branco e andava pelo comércio local atribuindo receitas a quem encontrava pela frente. Examinava as pessoas e depois tirava da pasta com a qual andava, múltiplas raízes e ervas que as entregava . Tudo sem nenhum fundo de lógica ou ciência. Era pura diversão. Em outros dias se auto-nomeava policial de transito. Vestia sua farda composta de quepe e camisa de ombreiras  e posicionava-se em uma  esquina, em posições  engraçadas a sinalizar para os carros que passavam. Mas mais engraçado ainda era quando assumia o posto de soldado do exército. A farda era a mesma, mas nesses dias ele desfilava pela avenida assungui (hoje Natan chaves) em  marcha militar cantando o Hino da Força Expedicionária Barasileira ; “por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra, sem que voltes para La....”. Fazia continência a quem encontrava pela frente. Zé Coronha dizia-se amigo de muita gente famosa e era afilhado (não sei se de batismo,crisma ou casamento) do prefeito da época Anthemo Victório Pilan. De certa feita, Anthemo tirou férias e viajou para Santa Catarina com a família. Zé Coronha então assumiu nas suas fantasias a prefeitura local. Falava a todos: “o padrinho deu ordens para não deixar funcionário nenhum a toa..”.e bravejava para deleite de quem via. Havia ainda o Zá Coronha cantor que saia com uma violinha, e o Zé Coronha vendedor que saia de pasta , paletó e gravata.
Sem nenhuma maldade ou quesito  de proveito, Zé Coronha, na sua humilde figura, baixinho e camarada foi simplesmente alguém que esqueceu de crescer e prolongou sua infância por toda a vida. Talvez pela dificuldade que a vida real oferecia.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A COPA DE 70 EM TAPIRAÍ

O Futebol nos anos 70 era muito empolgante. Não havia quem não gostasse de futebol. Os jogadores permaneciam no mesmo clube quase que a carreIra inteira. Isto criava um vínculo do jogador com o clube e a torcida. Além disso não havia a evasão de craques para o exterior. Apenas alguns grandes jogadores após encerrarem a carreira no Brasil é que iam para o exterior fazerem jogos de exibição. Exemplo disso é que a seleção de 1970, que ganhou o tricampeonato no México e que para mim foi a melhor que existiu era formada 100% por jogadores que atuavam no Brasil. Lembro-me bem quem eram os titulares:
FÉLIX – goleiro do fluminense
CARLOS ALBERTO-lateral direito do Santos
BRITO-zaqueiro central do flamengo
PIAZZA-quarto zagueiro do cruzeiro
EVERALDO-lateral esquerdo do internacional
CLODOALDO-volante do santos
GERSON-armador do são Paulo
RIVELINO-ponta esquerda do Corinthians
JAIRZINHO-ponta direita do botafogo
TOSTÃO –centroavante do cruzeiro
PELÉ –atacante do santos
Nesta época, eu  já era Palmeirense, não sei exatamente porque. Lembro-me que ouvi pelo rádio um clássico entre Santos e Palmeiras em que o palmeiras venceu com uma grande atuação de Ademir da Guia e a partir de então virei Palmeirense. A Seleção de 70 não tinha nenhum jogador do Palmeiras, porém foi o melhor time de futebol que já vi jogar.
A copa de 1970 foi a primeira a ser transmitida pela televisão brasileira que ainda não era colorida. Foi formada uma rede envolvendo várias emissoras, com revezamento das equipes ao longo das várias transmissões.
Em Tapiraí haviam apenas uns 3 aparelhos instalados: no Bar do Zeca, no Hotel Santo Antonio e na casa do Diogenes  polcial. Assim sendo a população se concentrava nestes 3 locais para assistir ao jogos. Como havia energia elétrica apenas das 18 as 23 horas, quando havia jogos de dia o gerador era excepcionalmente acionado no horário do jogos. Eu e meu irmão José assistimos a todos os jogos no Bar do Zeca. Lembro-me que vinham caminhões lotados de pessoas dos sítios para ver os jogos lá no Bar do Zeca.
Poucos dias antes de um dos jogos a TV do Zeca pifou e foi mandada para conserto as pressas em Piedade, só chegando momentos antes de começar a partida. Lembro-me bem do Zeca reclamando do absurdo que o técnico havia cobrado para consertá-la.
No dia da grande final em que O Brasil goleou a Itália por 4 a 1, houve uma grande festa na cidade, com rojões, gritos e pessoas nas ruas. A música “PRA FRENTE BRASIL” tocava no auto-falante . Foi talvez  a maior alegria da minha adolescência. Obrigado Pelé e companhia. Vocês contribuíram para a felicidade da nossa geração!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O ÚLTIMO SHOW DE RAUL SEIXAS


Comecei a gostar de Rock aos oito anos. Na época a moda era a Jovem Guarda, porém como em Tapiraí ainda não existia televisão, a gente apenas ouvia pelo rádio as canções de Roberto e Erasmo Carlos, Vanderléia, Ronnie Von e outros ídolos da época. No panorama internacional os Beatles eram a sensação.
Mas  apenas uns dez anos depois aprendi a gostar de Raul Seixas. A música “Ouro de Tolo” em que ele debochava do governo militar e do “milagre econômico” fez grande sucesso e só então comecei a acompanhar sua carreira em que pregava a “Sociedade Alternativa” , uma forma de viver em que o princípio era “Faze o que tu queres , há de ser tudo da lei”.
Por longos anos acompanhei sua obra. Vi o auge da sua carreira e a decadência causada principalmente pelo alcoolismo e as drogas . Porém nunca havia assistido a um dos seus Shows.
Após altos e baixos, no ano de 1989 , Raul lançou junto com Marcelo Nova, que era o cantor da banda “Camisa de Venus” um disco denominado  “Panela do Diabo”. Em função do lançamento do disco planejaram uma turnê de 50 shows pelo Brasil. Um destes shows foi programado para Sorocaba no clube união recreativo. Tive então a grande oportunidade de ver pela primeira vez  o grande “Maluco Beleza”.
O show começou com Raul no palco. Ele cantou umas três canções. Houve um Black total e quando as luzes reacenderam ele já não estava no palco. Marcelo Nova conduziu o show até quase ao seu final, porém o público aos gritos pedia a volta de Raul. Ocorreu então um novo Black total e depois de alguns minutos, reacenderam-se as luzes e o que se viu no palco foi um Raul seixas estático em frente  a um microfone com uma guitarra pendurada. Cantaram então o grande sucesso “Eu nasci ha dez mil anos atrás” e o show acabou por ai. Percebia-se claramente a saúde debilitada do “pai do rock brasileiro”.
Dois dias depois, no dia 21 de agosto de 1989, toda a imprensa do Brasil anunciava: Raul Seixas havia sido encontrado morto em sua cama pela empregada. Tive portanto o privilégio de conseguir vê-lo por uma única vez, dois dias antes dele morrer.
Tenho gravado em meu computador  quase todas as músicas de Raul Seixas, cuja carreira durou 26 anos ao longo dos quais foram lançados 21 discos. Passados 22 anos da sua morte, ele continua fazendo sucesso e as novas gerações também conhecem as suas músicas.
A genialidade de Raul ficou evidente. Ele será daquelas pessoas que ainda por muito tempo serão lembradas. E fico contente por tê-lo visto pessoalmente vivo. Ainda que por pouco tempo e entoando apenas quatros das suas tão grandes canções.
‘ENQUANTO VOCE SE ESFORÇA PARA SER UM SUJEITO NORMAL, E FAZER TUDO IGUAL... EU DO MEU LADO APRENDENDO A SER LOUCO...,  UM MALUCO TOTAL NA LOUCURA REAL... CONTROLANDO A MINHA MALUQUÊS... MISTURADA COM MINHA LUCIDÊS,  VOU FICAR COM CERTEZA PARA SEMPRE MALUCO BELEZA”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O SUMIÇO DO JOCA


Era o início da década de 70 em Tapiraí. O ano não sei explicitar com exatidão, nem quem era o prefeito da cidade (Chico ou Anthemo), porém me lembro bem que a TV Globo exibia a novela  “Irmãos Coragem” , que todo mundo acompanhava sem perder um capítulo. O País ainda vivia sob regime militar e o presidente era o General  Médici. A energia elétrica em Tapiraí era produzida por um gerador movido a óleo  diesel  que era acionado as 6 da tarde e desligado as 11 da noite. Em Tapiraí haviam apenas uns três  aparelhos de televisão : no bar do Zeca, no hotel Santo Antonio e na casa do policial Diogenes que ficava onde hoje é a praça.
O Bar do Zeca era um referencial em Tapiraí. Ali paravam os ônibus e havia o famoso churrasquinho com queijo ou toucinho que todo mundo gostava. Dentre outros funcionários, trabalhava com o Zeca um cearense baixinho e simpático cujo nome de batismo não sei explicitar, porém que todo o mundo conhecia como JOCA. O Joca era viúvo e  tinha um filho chamado Anísio que também trabalhava no bar do Zeca e uma filha adotiva cujo nome não me lembro. Joca Sempre foi um bom sujeito, agradável e por isso mesmo conhecido e benquisto por todos. Mas eis que um dia o Joca desapareceu. Ninguém sabia dizer para onde havia ido: nem os filhos, nem o patrão, nem os colegas de trabalho. Desapareceu sem mais nem menos.
Passaram-se dias, semanas  e nada do Joca aparecer. O assunto há muito, já havia virado o principal da cidade. Ninguém falava em mais nada, a não ser no sumiço do Joca. De vez em quando surgia o boato de que ele estava em determinado lugar. Todo mundo corria para lá, mas nada de encontrá-lo. Porém numa tarde ensolarada de um dia de semana, O Jacob (meu cunhado e pai do Gilson contador e do Gilmar que trabalha no Bradesco) roçava o pasto do meu pai  (Paulo Cavalcante Maglhães), quando de repente o Joca apareceu saindo do meio da mata fechada. Estava com a barba crescida, as faces abatidas, as roupas sujas e rasgadas e trazia o chapéu de palha na cabeça. O Jacob assustou-se com ele, porém logo o reconheceu. Ele aproximou-se do Jacob e disse que estava com muita fome. Tirou do bolso algum dinheiro e pediu ao Jacob que viesse  a cidade e comprasse  alguns pacotes de bolacha salgada. Jacob questionou o porque dele ter sumido , mas ele respondeu que não poderia voltar, porque estava sendo perseguido e precisava permanecer escondido na mata. Jacob correu para a cidade e contou o fato ao meu pai e ao Zeca. Todo mundo correu para o sítio do meu pai, que ficava na estradinha que segue onde hoje está o bar do Silvio (ali não havia casa alguma, era tudo mata fechada). Porém triste decepção. Ao chegar no sítio ela já havia sumido novamente. Por vários dias se intensificou  a procura pela mata próxima dali, mas nada de encontrá-lo.
Passados atualmente quase quarenta anos desse fato , a verdade é que o Joca nunca mais apreceu nem vivo, nem morto. O filho e a filha mudaram-se daqui , não sei exatamente para onde. O  meu pai e o Zeca já faleceram há muitos anos, e o Jacob está com aproximadamente 70 anos e ainda mora em Tapiraí.
Esta foi uma das estórias que marcaram a minha infância e a de todos que moravam por aqui na época. Recentemente o Luiz Braga comentou o fato na comunidade do Orkut “Tapirai” . Considero que foi um fato curioso da nossa história e por isso o estou detalhando aqui.
Porque o amigo JOCA sumiu, ninguém saberá jamais. Morreremos sem saber do seu destino.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

JOVENS SEM ESTUDO E SEM TRABALHO

 Segundo pesquisa divulgada pelo INEP (instituto nacional de estudos e pesquisas), aproximadamente 3,4 milhões de jovens entre 18 e 24 anos (aproximadamente 15%), não estudam nem trabalham no Brasil . Nas pequenas cidades como Tapirái, a tendência é ser ainda maior este percentual  dada a pequena quantidade de oportunidades oferecidas tanto de trabalho, quanto de estudo.
A grande maioria dos jovens por aqui, terminam o ensino médio e param de estudar. Ouço constantemente jovens dizendo que já terminaram os estudos. Ai cabe o primeiro alerta. Numa sociedade agrícola, bastava 4 anos de estudo, numa sociedade industrial pelo menos 8 e na sociedade atual, do conhecimento, quem não tiver pelo menos 11 anos não tem chance nenhuma. A vida moderna exige um aprimoramento constante. Precisamos estar diuturnamente atualizando conhecimentos senão estaremos excluídos do cenário de atividades.
Mas o que este pessoal que não estuda e nem trabalha anda fazendo? Uma parte está a duras penas tentando encontrar emprego, porém sem qualificação e experiência fica difícil. Ai começa um círculo vicioso : a pessoa tenta trabalhar, não consegue emprego e sem emprego não consegue experiência. Vai ficando cada vez mais difícil conseguir trabalho. Ela não consegue voltar para a escola ou fazer um curso que lhe dê uma profissão.
Para agravar o problema , boa parte das meninas engravida precocemente e acaba abandonando a escola. A Escola além de ensinar é um espaço de socialização e formação de cidadãos, portanto fora da escola a tendência é surgir uma geração com baixa auto-estima, sem perspectiva e que de um modo ou outro terá que se sustentar financeiramente logo mais.
Assim sendo o poder público precisa fazer a sua parte, primeiramente orientando e educando os jovens com práticas que os conduzam aos bons hábitos, sem antecipação das etapas da vida. Em segundo lugar precisa oferecer ensino técnico gratuito e de qualidade que permita aos jovens adquirirem profissões viáveis dentro do panorama atual. E finalizando precisa trazer ao município empreendimentos que absorvam esta mão de obra.
É preciso entender, que esta é a geração que comandará os destinos futuros das famílias, da sociedade e do município e precisa a devida atenção , sem o que os níveis de violência e insegurança aumentam e tornam insuportável a vida por aqui.

terça-feira, 5 de abril de 2011

AS FUNÇÕES DO PREFEITO E DOS VEREADORES

O BrasiL adota a forma de governo democrática republicana presidencialista. Isto significa que o País, os Estados e os Municípios estão organizados em três poderes:  o executivo , o legislativo e o judiciário.
Nos municípios o poder executivo é exercido pelo prefeito, o poder legislativo pelos vereadores e o poder judiciário pelos juízes e tribunais.
O poder executivo tem como função observar as demandas da esfera pública e garantir os meios para que as necessidades da coletividade sejam atendidas. Assim sendo as funções do prefeito são basicamente:
1)     - Governar a cidade, de forma conjunta com os vereadores;
2)     - Representar o povo na busca de melhorias para o município, oferecendo boa qualidade de vida;
3)     - Reivindicar convênios ,benefícios,auxílios para o município;
4)     - Apresentar projetos de lei à camara de vereadores, alem de sancionar, promulgar ou vetar as leis;
5)    -  Intermediar politicamente as relações com outros poderes para melhorar o município;
6)     - Atender a comunidade, ouvindo reivindicações e anseios;
7)      -Planejar, comandar, coordenar e controlar as atividades que ocorrem no âmbito da prefeitura;
8)     - Zelar pela limpeza da cidade, manter postos de saúde, escolas e creches, transporte público etc.;
9)    -  Administrar os impostos e aplicá-los da melhor forma possível.
Já os vereadores que exercem  o poder legislativo , são os responsáveis pela criação de novas leis, sendo os porta-vozes dos anseios e interesses da população, como um todo. Além disso, contam com dispositivos para fiscalizar o cumprimento das leis pelo prefeito. Os vereadores monitoram o poder do prefeito. As principais funções dos vereadores são portanto:
1)     - Discutir as questões locais, definindo e propondo soluções para a melhoria da qualidade de vida da população;
2)      -Fiscalizar os atos do prefeito, com relação a administração e aos gastos públicos;
3)     - Elaborar e propor leis para atender as ansiedades da população;
4)      -Receber o povo, atendendo reivindicações , exercendo a função de mediador entre os habitantes  e o prefeito;
5)    -  Elaborar , alterar, e fiscalizar o cumprimento da Lei Orgânica do Município que é um conjunto de normas para administrar , de forma a melhorar a vida da população local.

Portanto ao escolher uma determinada pessoa para votarmos , temos de avaliar se de fato ela está capacitada para exercer estas funções. Não basta que ela seja boazinha ou camarada, ela precisa ter discernimento para atuar, ou se tornará mero instrumento de manipulação dos que detêm mais conhecimentos. 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

PORQUE CHOVE TANTO EM TAPIRAÍ


Todo mundo sabe que em Tapiraí chove muito. Nós que moramos aqui , quando saímos da cidade somos sempre  vítimas de piadas e gozações envolvendo o tema. Enfim a chuva é uma marca registrada da cidade. Há vários tipos de reação das pessoas que moram em Tapiraí sobre o tema: Algumas insistem em argumentar que é tudo boato, que aqui não chove mais que em lugar nenhum, enfim que é mentira que aqui chove muito. Outras preferem reclamar e difamar a cidade dizendo que existe uma certa maldição ou coisa parecida. E há um terceiro grupo, no qual eu me incluo, que assume que de fato aqui chove muito, mas que isso não constitui um problema.
No meu modo de entender , podemos transformar a chuva de problema em solução, ou seja convertermos o fato em aspecto bom. Poderíamos por exemplo promover  eventos relativos ao tema como um festival de dança denominado “DANÇANDO NA CHUA”, revivendo o velho filme americano, ou um festival de música denominado “SOM DAS ÁGUAS”,ou ainda  um festival de fotografias denominado  “CHUVAS EM FOTO”, etc.
Tentei investigar através de pesquisas na internet as causas de tanta chuva em Tapiraí, porém não encontrei uma explicação que me satisfizesse. O que eu descobri é que as chuvas ocorrem porque as águas aquecidas pelo sol evaporam formando vapor de água, que por ser mais leve que o ar sobe e forma as nuvens. Estas nuvens ao atingirem grandes alturas, encontram massas de ar frio que as condensam, transformando o vapor em água, que por ser mais pesada que o ar cai  em forma de chuva. Portanto os fatores que influenciam na quantidade de chuva são vários:  posição e deslocamento das massas de ar, umidade, ventos e temperatura.
Um característica das chuvas que caem por aqui é que elas quase sempre são uma garoa ou chuvisco, ou seja, ocorrem com gotas de água pequenas (menores que meio milímetro de diâmetro) e que isso acontece  quando as nuvens são baixas, com pouco de desenvolvimento vertical. Assim sendo , concluo que aqui chove em muitos dias do ano, porque a geografia da nossa  localização favorece a formação de nuvens baixas que se dissolvem em forma de garoa, portanto se prolongando por longos períodos.
Finalizando o assunto me cabe fazer propaganda da nossa garoa e dizer que as vezes quando viajo a outras cidades de sol e calor intenso, sinto saudades do nosso clima, frio e chuvoso. Aprendi a amar a nossa chuva e não reclamar dela. Agora só falta nos unirmos para transformar o que parece um problema em oportunidade de desenvolvimento. Que tal termos como lema “TAPIRAÍ, BOM MESMO DEBAIXO DE CHUVA”.

sábado, 2 de abril de 2011

O CONSERTO DO MEU CORAÇÃO.....


Em 2007, sofri um enfarte que consistiu na obstrução total da artéria circunflexa. Graças ao pronto atendimento feito na Santa Casa de Piracicaba (onde eu morava na época), pelos cardiologistas Drs Eduardo Nicolela , Humberto Magno  e  Luiz Barone consegui uma completa recuperação. Desde então compareço a um cardiologista a cada 6 meses, num processo de contínuo monitoramento do meu sistema cardíaco . Na última consulta realizada no último mês de fevereiro, os exames realizados detectaram uma disfunção de grau moderado. Em vista disso o Dr Manoel Copel (de Piedade) recomendou a realização de exames mais aprimorados que foram feitos no Hospital da UMIMED em Sorocaba. Estes exames detectaram a obstrução de 80% da coronária direita. Em vista disso , na ultima quinta-feira (dia 30/03/2011) foi executado um procedimento de Angioplastia que consistiu na introdução de um micro balão inflável através da artéria femural (na virilha) e colocação de um stend (pequena mola) de forma a elimiminar a lesão ocorrida na artéria. Este procedimento foi executado pelo Dr José Roberto Maielo. Tudo ocorreu muito bem e neste momento estou prontamente restabelecido, escrevendo este texto.
Situações como esta nos fazem refletir sobre várias coisas: a brevidade da vida, a importância da medicina preventiva e a disponibilidade de recursos a toda a população. Tive o privilégio de um pronto e bom atendimento em todas as intervenções, as primeiras via SUS em Piracicaba e as demais via UNIMED em Sorocaba. Cabe-me agradecer aos excelentes médicos que me atenderam e espero tenham me garantido uma sobrevida de pelo menos mais 20 anos. Porém cabe-me refletir se os demais brasileiros, principalmente os da minha cidade teriam este privilégio. Presenciei nos últimos meses o falecimento de muitas pessoas da minha faixa etária por aqui e acredito que tudo aconteceu por uma falta de medicina preventiva. Fica pois a minha mensagem a todos que me lêem. Cuide da sua saúde! Alimente-se de uma forma saudável, pratique exercícios físicos e pelo menos uma vez ao ano vá ao médico e faça um check-up completo. A vida é muito boa e merece ser vivida o mais intensamente possível e pelo maior tempo imaginável. Portanto, antes que seja tarde, conserte também o seu coração...