Linda, de baixa estatura. Olhos puxados, boca pequena e uma pele lisa . Morena, porém com a cor dos cabelos ligeiramente claros. Eu a conheci na escola , mas nunca consegui conversar com ela. Nunca estudamos na mesma classe, embora tivéssemos idade igual ou muito próxima. Quando ela passava na rua meu coração estremecia, minhas mãos ficavam úmidas e o mundo se enfeitava. Sabia seu nome , quem eram seus pais, seus irmãos a casa onde morava e quase tudo sobre sua vida, mas jamais soube os pensamentos que habitavam aquela cabecinha linda que parecia um sol.
Ela nunca me olhou, e talvez nem tenha percebido que o meu olhar era de amor e paixão, mas meus planos eram ousados. Estudaria medicina e me casaria com ela. Até imaginava a casa onde iríamos morar, os filhos que iríamos ter.
Porém o tempo foi passando e a minha insegurança impediu-me de declarar a ela todo o meu amor. E num triste dia soube que um rapaz mais velho a estava namorando. Por dias fiquei entristecido e vivendo num mundo escuro. Os complexos e os medos característicos da idade se ampliaram e no âmbito restrito de minha cama por algumas vezes chorei, sem que ninguém notasse que era o choro de alguém que se sentia com seus sonhos abalados.
O namoro dos dois demorou anos. Tiveram uma grande briga durante o noivado que a cidade inteira comentou, porém reataram-se e um dia se casaram. Vivem juntos até hoje e moram em Sorocaba. Tiveram filhos e talvez já tenham netos. Com certeza nem ele e nem ela sabem que ela foi a grande musa da minha infância , para quem escrevi os meus primeiros versos. E talvez este segredo eu leve para o meu túmulo.
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