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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A MORTE DO FILHO DO AGENOR

Vivíamos a década de 1960 no bairro da Água Doce no município de Tapiraí. Meu cérebro de criança, reteve o episódio e o guardou, talvez pelo grau de dramaticidade envolvido e agora o avançar da idade me faz relembra-lo. A atividade exploratória era á única opção de sobrevivência naquele sertão onde morávamos. E meu pai tinha as pessoas que o ajudavam nos serviços de madeira, carvão e palmito. Naquele tempo, empregados eram chamados de camaradas, não sei se por influência socialista ou simplesmente porque havia um espirito de solidariedade. Dentre os camaradas de meu pai havia um que se chamava Agenor. Ele tinha uns 5 filhos pequenos e morava numa casa de taipa coberta de guari canga com piso de chão batido e sua mobília era composta de um fogão de lenha, feito de barro , um cepo grande que servia de mesa, cepos menores que serviam de cadeiras. Dormiam em marimbas construídas de taquara-açu cobertas por colchões feitos com sacos de açúcar, recheados com palha de milho e capim. Aquele era o padrão de vida dos camaradas do meu pai. Num certo dia fomos surpreendidos pela notícia de que a mulher do Agenor tinha dado a luz a mais um filho, e que este filho havia nascido sem vida. Meu pai providenciou a chamada do carpinteiro que confeccionou o caixãozinho de madeira e o recobriu com um tecido branco. Na época não havia por aqui as urnas funerárias produzidas industrialmente. Passamos parte da noite na humilde residência do Agenor guardando o anjinho. Depois de uma certa hora, nós as crianças fomos dormir em nossas casa e apenas os adultos permaneceram ali. Na manhã seguinte fechou-se o caixãozinho e meu o pai o pegou e transportou nas costas até a beira da estrada de terra, e ficou ali aguardando que algum veículo lhe oferecesse carona e o transportasse até Tapiraí, para providenciar o enterro. Lembro-me bem de minha mãe repreendendo a meu pai pela ventura de querer seguir a pé os 10 quilômetros até Tapiraí, com aquele caixão de anjo às costas. Agora reflito sobre o episódio e faço a análise critica , revivendo o grau de pobreza daquela época. Não haviam condições habitacionais adequadas, nem saneamento básico. A assistência médica não existia, e as mães tinham seus filhos sem que nenhum médico as examinasse durante a gravidez. Os índices de mortalidade infantil e de mães durante o parto eram alarmantes e o poder público não fornecia nenhuma assistência naquelas situações. As dificuldades nas comunicações também eram extremas. Passados cerca de 50 anos deste episódio, me resta constatar que as condições de vida melhoraram muito no Brasil, porém as condições de sobrevivência econômica continuam precárias , no município de Tapiraí. A transformação do município em reserva ambiental inibiu a atividade exploratória, sem o surgimento de uma nova agenda de atividades que as tenha substituído. O ecoturismo que parece ser o caminho mais viável há 30 anos segue a passos de tartaruga, principalmente porque o poder público local até hoje não desvendou o caminho do sucesso. Que lutemos pois por mudar esta triste realidade.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

PARA QUE SERVE O CONSELHO TUTELAR



O Conselho Tutelar é composto por cinco membros, eleitos pela comunidade para acompanharem as crianças e os adolescentes e decidirem em conjunto sobre qual medida de proteção para cada caso.
Devido ao seu trabalho de fiscalização a todos os entes de proteção (estado, comunidade e família), o conselho goza de autonomia funcional, não tendo nenhuma relação de subordinação com qualquer outro órgão do estado.
Importante esclarecer que a autonomia do Conselheiro funcional não é absoluta. No tocante as decisões, estas devem ser tomadas de forma colegiada por no mínimo três conselheiros, e não apenas por um ou dois deles. É dever e função do CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, fiscalizar a permanência dos pré-requisitos exigidos pelo ECA aos conselheiros tutelares, em especial o da idoneidade moral e residência no município, podendo suspender ou mesmo pelo voto de censura demitir conselheiro.
Conhecer os direitos da criança e do adolescente não é pré-requisito para candidatura a conselheiro tutelar. Desconhecê-los porém pode ser motivo para cassação de conselheiro eleito e em exercício de mandato. Logo, uma vez eleito, o conselheiro tem o dever de aprender e conhecer profundamente os direitos da criança e do adolescente aos quais tem a função de zelar.
Para ser conselheiro tutelar, a pessoa deve ter mais de 21 anos, residir no município,e reconhecida idoneidade moral. Cada município pode criar outras exigências para a candidatura a conselheiro, como carteira nacional de habilitação ou nível superior (há controversia sobre isto) . Uma vez eleito, o Conselheiro pode ser cassado pelo CMDCA se não manter os critérios.
O conselheiro tutelar precisa ter bom senso para se fazer presente onde há violação de direitos ou indicios e possibilidades de violação e agir para cessá-la ou eliminar o risco de que ocorra. Para isto não deve fazer, mas requisitar os meios necessários a que se faça. Conselheiro Tutelar não é policial, não é técnico, não é Juiz é apenas o zelador dos direitos da criança e do adolescente e deve requisitar ações que os garanta ou representar contra sua inobservância ao Ministério Público e Poder Judiciário para que estes façam os mesmos valer, quando administrativamente não conseguirem tal intento.
São atribuições do Conselho Tutelar :
I- Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts.98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II- Atender e aconselhar pais ou responsáveis, aplicando as medidas previstas no art.129, I a VII;
III- Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) Representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações;
IV- Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança e do adolescente;
V- Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI- Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor do ato infracional;
VII- Expedir notificações;
VIII- Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX- Assessorar o poder executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X- Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, §3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI- Representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do pátrio poder.
Referências : Wikipédia

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

MINHA NOITE NA UTI

Santa casa de Piracicaba
Dia 23 de maio de 2007. Morava eu em Piracicaba e todas as manhãs dirigia-me ao trabalho, às vezes de carro, às vezes de ônibus. Do Jardim Elite  ao Algodoal era aproximadamente meia hora de viagem. Cheguei ao trabalho, vários problemas a resolver, o telefone tocando infinitamente, clientes querendo seus pedidos, eu acionando a fábrica na busca de soluções. De repente uma forte dor no peito. Subo as escadas com dificuldades e sento a minha cadeira. A dor desce pelo braço direito. Sintoma detectado. Estava enfartando.
Peço socorro ao homem dos transportes, mas não tem nenhum carro disponível na fábrica. Peço ao colega do lado para me levar até minha casa. Ele prontamente me leva e no caminho a dor vai apertando, a vista escurece, as imagens  distorcem , assim como as palavras que o meu amigo pronuncia. Chego a minha casa e aviso minha mulher que estou morrendo. Ela chama a vizinha e me levam ao pronto socorro da santa casa. Enfermeiros trazem uma cadeira de rodas na qual eu me sento e me conduzem ao atendimento. Colocam-me sobre uma maca, cercado por mais dois ou três doentes. Tiram meus  sapatos, tiram minha blusa, a correntinha do pescoço com o crucifixo pendurado. O médico examina, colocam um enorme comprimido sobre minha língua, aplicam injeções. Uma moça conecta-me eletrodos e realiza um eletrocardiograma. Um enfermeiro chega próximo de mim e diz que está orando para me salvar. Dai ouço o médico ao telefone: -paciente de 50 anos, preciso da sala do centro cirúrgico com urgência. Uma leve pausa...um  silêncio . Dois homens se aproximam e conduzem minha maca pelo corredor afora...Passo por salas cheias de gente que em observam. De repente vejo o céu azul, é me lembro que aquela é uma manhã ensolarada de maio.. a maca e enfiada numa ambulância. O veículo segue...Anda uns cinco minutos e depois para. Tiram a maca e novamente eu vejo o céu azul. Depois um enorme corredor e o acesso a uma sala onde cerca de cinco pessoas me aguardam, com suas máscaras. Conectam-me aparelhos, ouço apitos...tiram minha roupa...estou completamente nu. O médico me examina...sinto uma picada na coxa... imagens surgem numa tela...falam  uma linguagem  que eu não conheço...De vez em quando me pergunta: - tudo bem seu Paulo ? e eu respondo que sim. Me dá explicações...Ja detectamos o seu problema, agora vamos resolvê-lo. Ouço um leve apito...e tudo some...por alguns segundos eu morri. De repente retomo os sentidos....todos estão me olhando...me perguntam se eu estou bem e saem da sala. Uma única mulher fica junto a mim e me explica os detalhes da ocorrência e do procedimento... a primeira imagem, uma importante veia obstruída...Depois a imagem pós procedimento...o sangue fluindo normalmente. Me avisa que eu tinha sido salvo.. explica porque eu me mantive vivo. Mostra o stendi (uma molinha) que havia sido colocada para desobstruir  a veia.  Conduzem a maca e me levam para a UTI, onde me colocam ao lado de uma senhora idosa que chora e lamenta sem parar...Ali eu passo um bom tempo, até que o meu amor entra...Traz um sorriso triste nos lábios e toca meu rosto...Conta-me que  quando  lhe entregaram os meus pertences  ela pensou que eu houvesse morrido...Peço a ela para ligar para minha filha e meus irmãos...Ela fica um tempo comigo e vai embora. Tenho um aparelho de oxigênio no nariz e eletrodos conectados aos meus dedos e ao meu peito...De vez em quando soam apitos e uma enfermeira corre ao meu lado...Anoitece...percebo que já são altas horas...Um médico e uma enfermeira sentados passam a noite ao meu lado falando de coisas banais... da viagem das férias...do comportamento do filho...A mulher idosa , fala e chora e noite flui...

No dia seguinte sou despertado pela presença da minha filha que me abraça e me aperta a mão...Depois é minha enteada que entra e manifesta um sentimento que jamais imaginava que ela sentisse por mim...Era importante que eu permanecesse vivo.

Passaram-se mais cinco dias e eu recebi alta...antes tive uma séria complicação pulmonar resolvida...Minha mulher me acompanhou na saída...Sai andando e tomamos um taxi.. o rádio estava ligado e Zé Ramalho cantava Chão de Giz...” No mais, estou indo embora baby...” Desde então essa música virou o hino da minha vida...

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O DESENVOLVIMENTO HUMANO EM TAPIRAÍ


O Conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um processo de ampliação de escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso, baseada em três aspectos: renda, educação e saúde, diferentemente do Produto Interno Bruto (PIB) que só considera a dimensão econômica do desenvolvimento.
 
O relatório de desenvolvimento humano, emitido pelas Nações Unidas, tem um grande impacto nas reflexões sobre o tema no mundo todo, uma vez que mede a eficiência das políticas públicas .
Nesta semana foram divulgados dados a respeito do IDH dos municípios brasileiros, calculados pela ONU, com base no último censo do IBGE.
Analisamos os dados do município de Tapiraí, comparando-os com o das três cidades mais próximas: Piedade, Juquiá e Pilar do Sul, subtraindo da visão os aspectos regionais, visto que os quatro municípios encontram-se muito próximos e com condições naturais muito semelhantes. Os dados obtidos estão no quadro abaixo :
Como se vê, Tapiraí encontra-se abaixo dos outros três municípios analisados, ocupando a 2412ª posição no Brasil, ou seja existem 2411 cidades no Brasil, melhores de se viver do que Tapirai. Considerando-se que o Brasil tem 5.570 municípios , estamos um pouco acima do meio da tabela. Isto parece bom, mas não é quando vemos que estão incluídos na tabela todos os municípios do norte e nordeste brasileiro , cujos patamares são muito inferiores aos municípios paulistas.
No detalhamento percebe-se que o índice de longevidade (expectativa de vida) é bom, só perdendo para Piedade entre as quatro cidades analisadas, porém estamos mal em renda e em educação .
Acho interessante que a população do município e principalmente as pessoas que guiam as políticas públicas , atentem para estes números. Eles medem o desenvolvimento e a  eficiência das políticas públicas locais.

 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

CRITICA PARA AJUDAR A MELHORAR A FESTA DO GENGIBRE

Terminada a edição deste ano da Festa do Gengibre de Tapiraí cabe-me traçar alguns comentários sobre a mesma. Talvez tenha sido eu um dos mais ferrenhos críticos da festa  Não que eu seja contra festas ou contra o lazer, mas é que dada a escassez de recursos , acho que eles têm de ser gastos de uma forma muito bem planejada de forma a contemplar o maior número de objetivos possíveis. Nosso município enfrenta uma carência econômica crônica com falta de atividades que gerem empregos e renda com uma consequente evasão dos jovens , não crescimento da população e estagnação do desenvolvimento sem implantação de melhorias da qualidade de vida. A Festa do gengibre deve portanto acima de tudo ser um instrumento de desenvolvimento econômico. Para  que ela seja um instrumento de desenvolvimento econômico precisa incentivar o turismo, desenvolver o comércio local, melhorar a agricultura, gerar emprego e desenvolver a cultura local.
Para incentivar o turismo ela precisa ser original, inovadora, apresentar algo diferente do que se vê nas festas das outras coidades. A criatividade precisa funcionar e trazer algo inédito e não a simples repetição da festa junina de Votorantim, ou o rodeio de Salto de Pirapora que nada têm a ver com o Gengibre. Pra desenvolver o comércio local não tem que cobrar taxas exorbitantes para afastar os comerciantes da cidade e trazer o de outros municípios. Precisa sim incentivar as pessoas a virem almoçar no Restaurante do Tutu, a hospedarem-se no Salve Floresta ou no Encontro das Águas a comerem o Yakissoba do Japonês ao lado da Padaria , etc.
Para melhorar a agricultura precisa apresentar em paralelo um evento técnico com palestras sobre o cultivo do gengibre, debate sobre o controle de pragas, apresentação de técnicas de industrialização para agregar valor a produção, palestras sobre políticas de financiamento a produção, etc...Para gerar emprego deve-se inserir no evento uma enorme feira de artesanato, não sem antes cadastrar os artesãos do município e dar-lhes amplo treinamento de forma  a produzir algo vendável e lucrativo. Para desenvolver a cultura local ao invés de contratar artistas de quinta categoria das cidades grandes vamos investir em corais, bandas locais, grupos de dança, grupos de teatro, viola caipira, etc...
Em vez de enaltecer os políticos, enaltece o povo...em vez de rodeio, esse espetáculo deprimente, maltratador de animais , apresentações de  música clássica enaltecedoras do amor, da paz e da natureza...em vez da música alta e de mal gosto nas altas horas a contemplação da lua e das estrelas...

Talvez eu seja um sonhador...talvez eu morra sonhando...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A PRECARIEDADE DO SERVIÇO PÚBLICO BRASILEIRO

No dia a dia , onde eu vou sinto a deficiência do atendimento no serviço público brasileiro. Se necessitamos de um atendimento no sistema público da saúde deparamos com a dificuldade em marcar uma simples consulta, com a demora no atendimento, o atraso na realização de exames e a quase impossibilidade de realização de procedimentos mais sofisticados.
Na educção pública deparamos com uma escola em que os alunos não aprendem e nem desenvolvem sua capacidade de aprender sozinhos. Atraso tecnológico, gestão ultrapassada e falta de qualificação conduzem a falta de eficácia. Investimentos são desperdiçados pela falta e sincronismo entre pessoas, métodos e tecnologias.
E assim tenta caminhar o país por estradas mal cuidadas, sistemas logísticos inbecís, e uma infraestrutura que não se moderniza. Vivemos num país em que tudo funciona mal.
A ineficácia do serviço público brasileiro é gerada muito mais por problemas administrativos do que técnicos. É fruto da mente bitolada e adversa dos adminsitardores públicos barsileiros. Gente cuja  meta única é a realização de seus interesses  pessoais. O serviço público está carente de pessoas com visão estratégica, que pense em simplificar processos, eliminar tarefas desnecessárias e  reduzir custos focando a produtividade.
O pior de tudo é que o Brasil acostumou-se com um serviço público de baixa  qualidade e não reage a isto. A ineficiência e a ineficácia é conveniente para muita gente que aproveita-se disso para explorar a política de favores. Cria-se um cidadão dependente e agradecido quando algo funciona.
Competência para fazer bem feito e Ética para fazer com lisura é o que de fato está faltando. Continuemos pois a bater na mesma tecla , exigindo a substituição de administradores incompetentes por gente técnica capacitada.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

APELIDOS ENGRAÇADOS

Hoje logo pela manhã eu vi o neguinho. Quer dizer o Vicente Messias Filho.Será que é este mesmo o nome dele? Pode não ser , mas o apelido é com certeza. Ao longo da vida conheci muita gente com apelidos e incrivelmente o apelido é sempre mais forte que o nome.
Amigos de infância, colegas de faculdade, colegas de trabalho , amigos, conhecidos...São muitas as pessoas do meu convívio  que tem apelidos, alguns engraçados, outros nem tanto e alguns até com dose de preconceito, mas quase sempre sem maldade.
Algumas regras no mundo dos apelidos parecem infalíveis. Uma delas é que quanto menos a pessoa gosta do apelido, mais ele tende a pegar, até um ponto em que a situação se torna irreversível e ai o jeito é aceitar. Existem os apelidos domésticos familiares, carinhosos, as vezes no diminutivo que geralmente são bem aceitos, mas também existem aqueles que surgem com instinto gozador.
Alguns apelidos são geralmente aplicados a determinados tipos de pessoas. Eis alguns deles ;
Sapo = sujeito de boca grande
Parafuso=sujeito de cabeça quadrada
Deixa-que-eu-chuto= sujeito manco
Galinha (para homem) = sujeito mulherengo
Galinha (para mulher) = melhor nem citar
Galo = sujeito com cabelo em forma de crista
Cumbica /Pouca-telha/Aeroporto de mosquito/mikaiu= sujeito careca
Ganso = sujeito de pescoço comprido
Pinóquio= Narigudo ou mentiroso
Tamanduá ou quati=narigudo
Montanha = baixinho
Outra forma comum de apelido que surge é quando o individuo se parece com alguém famoso. Conheci inúmeros Tim Maias, Pelés, Robertos Carlos, Cetanos Velosos , etc.
Fiquei admirado em ver outro dia meu filho ser chamdo de Cesar Menoti...também quem mandou ser gordinho. E minha filha, coitada...tão magrinha na infância que a chamavam de “acidente com trator”. Ao indagar porque tão estranho apelido recebi a explicação de que era porque num acidente de trator a pessoa é amassada e fica fininha...coisas bem de criança. Também tive um amigo baixinho, cujo apelido era “mentira”. Ao indagar o porque veio a resposta: porque mentira tem perna curta.
Enfim , apelidar os outros é mais uma forma sutil de ser feliz dos brasileiros.
Detalhe: já fui “cartucho” e “PC Farias”. Atualmente sou só “Paulinho”. Até onde eu sei....


quarta-feira, 5 de junho de 2013

SAÚDE , EDUCAÇÃO E SANEAMENTO EM VEZ DE ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

O Brasil possui atualmente 5.570 municípios e a Câmara dos Deputados acaba de aprovar projeto que possibilitará a criação de pelo menos 150 novos municípios.
As regras aprovadas  são um tanto quanto rígidas, visto que exigem alguns pré-requisitos como população mínima de 12.000 habitantes (nas regiões sul e sudeste), consulta prévia com aprovação de 20% dos eleitores, e aprovação pela Assembleia Legislativa que deverá avaliar as condições econômico-financeira, político-administrativo e socioambiental, porém ,abre uma brecha para o aumento da quantidade de municípios e consequentemente do aumento dos gastos públicos.
Os pequenos municípios em sua grande maioria são inviáveis economicamente, ou seja o que eles arrecadam está muito abaixo do que gastam, não por culpa das necessidades básicas como saúde, educação e infraestrutura, mas muito mais por conta dos gastos para manter a estrutura administrativa. São prefeitos, vereadores, secretários, diretores, chefes de gabinete, etc que recebem salários advindos  de verbas públicas que poderiam ser direcionadas as necessidades básicas, ou seja o atendimento a população acaba prejudicado pelo excesso de municípios.
Na verdade a criação de municípios atende a interesses menores e a máquina eleitoral . A criação de municípios só é mesmo interessante para os políticos  pelos cargos desnecessários e o aumento com folha de pagamento  que geram.

Acredito que a fusão de pequenas cidades poderia trazer benefícios significativos para as populações com a redução dos gastos públicos, melhorias na saúde, educação e infraestrutura e redução da corrupção . Porém difícil de acontecer diante dos interesses dos políticos gananciosos por cargos públicos.

sábado, 1 de junho de 2013

ESTÓRIA BONITA DE CIDADE PEQUENA

Desde que voltei a morar em cidade pequena, tenho visto estórias bonitas e feias por aqui. Algumas merecem registro. E esta é bonita e recente.
O velho Tibagir todo dia ia buscar pão. Antes do supermercado abrir, ele já caminhava com dificuldades com sua bengalinha, atravessava a avenida que também é rodovia e seguia pela ruazinha que beira o riacho. Passava pelas escolas em meio a criançada e ficava em pé ao lado da igreja, lateralmente ao supermercado. Ali ele esperava o Chiquinho ou o César chegar e abrir o supermercado. Então dirigia-se suavemente pela rampa e aguardava que as moças lhe trouxessem os pães. Religiosamente, chovesse, garoasse ou com sol  , isto acontecia.
Por aqui ainda se compra fiado. E não é fiado com cartão de crédito, nem cheque pré-datado, nem boleto bancário. É fiado daquele marcado no caderninho, cuja garantia única é a confiança. E inacreditavelmente não se perde muito. As pessoas em sua grande maioria pagam religiosamente suas contas . E o velho Tibagir era assim.
Mas na última semana a cena não se repetiu. O velho Tibagir não mais apareceu. A triste notícia deu conta de que ele faleceu em Curitiba após uma longa viagem para assistir um casamento. Diante do fato ,alguns comentaram : a última aposentadoria deveria ser recebida por alguém para quitar as contas. Mas diante do comentário a resposta do Chiquinho foi breve: “a conta dele já foi quitada...não recebo contas de quem já morreu...é uma lição antiga que aprendi com meu avô.” . E os olhos se encheram de lágrimas....
Isto contado pela minha mulher também emocionada,  me fez chorar...Talvez porque o avô do Chiquinho era meu pai que morreu antes mesmo dele nascer...

As lições do meu pai ficaram, e as estórias bonitas ainda acontecem por aqui. A vida é mesmo bela!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A FALTA DE QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA ESTÁ MATANDO A INDÚSTRIA BRASILEIRA

O noticiário econômico mostra notícias nada interessantes. O crescimento do país nos primeiros meses do ano esteve bem abaixo da expectativa e isto significa que não estamos gerando os empregos necessários para absorver a mão de obra gerada pelos jovens que entram no mercado de trabalho.
A principal causa disso é a baixa competitividade do país a nível internacional, quesito na qual  vem perdendo terreno ano a ano. Competitividade é a capacidade que o país tem de oferecer produtos e serviços com qualidade e preço, num mercado altamente competitivo. A competitividade brasileira é baixa pelo excesso de impostos,pela falta de infraestrutura e principalmente pela falta de produtividade na indústria.
A baixa produtividade da nossa mão de obra acaba por onerar significativamente o custo dos produtos tornando-os muito caros e dificultando a sua comercialização. Nem a nível interno conseguimos competir com os produtos chineses e coreanos que chegam ao país a preços absurdamente menores do que os fabricados aqui. Esta baixa produtividade é causada principalmente pela má formação do trabalhador brasileiro que precisa ser capacitado dentro da própria indústria, visto que as escolas técnicas e universidade não conseguem formar a quantidade de pessoas necessárias para move-la.
Diante disso,  fica evidente a necessidade de melhoria da educação num prazo imediato, o que é substancialmente dificultoso numa estrutura educacional enferrujada e desmotivada pelos baixos salários dos professores.

Neste cenário, resta-nos arregaçar a mangas e oferecer o  que pudermos em prol de uma educação técnica mais eficiente e dinâmica. Nossas experiências precisam ser transferidas ao jovens para torná-los capacitados.

domingo, 26 de maio de 2013

A ESCOLA PÚBLICA PAROU NO TEMPO

                                                                                                                 
Trabalhei quase trinta anos em indústrias e agora estou professor. Digo estou porque o verbo  ” ser” dá uma idéia de longo prazo e na realidade meu contrato com a Secretaria Estadual da Educação só vai até 23 de dezembro. Depois disso não sei quais ventos me conduzirão e nem a qual destino.
Optei em transferir-me de um cenário de grandes transformações para um cenário a meu ver mais calmo e importante, embora mal remunerado, acreditando sinceramente que atuar no magistério pudesse contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas da região na qual nasci .
No entanto, algo gritante tem me chamado a atenção nessa nova atividade: a grande defasagem entre o tempo atual e o ponto em que se encontra a escola pública paulista. Isto pode ser visualizado comparando a escola pública paulista com a indústria, seja ela brasileira ou transnacional.
Tomaremos a situação apenas sobre alguns aspectos : Tecnologia, Relações Humanas, Sistema de Gestão e  Conteúdo .
Em termos de Tecnologia, a escola de hoje é quase a mesma de 30 anos atrás, senão vejamos. Ainda se usa giz , lousa e apagador. O controle de freqüência ainda é feito no Diário de Classe, o mesmo dos meus tempos de ginásio (tenho 54 anos de idade) , no qual o professor usa uma caneta e preenche cada quadradinho de uma folha quadriculada a cada aula para cada aluno. O controle de notas também continua da mesma forma, embora agora tenha alguns diferenciais: ninguém pode ser reprovado, pois isso significa menores bônus para  professores,coordenadores e diretores .Também existe agora um retrabalho de digitação para alimentar o sistema geral da secretaria estadual ,que de fato é o que vale (embora com infinitos erros gerados pela multiplicidade de meios geradores da mesma informação ) Cabe salientar que nos tempos remotos não havia bônus e só passava quem de fato tinha aprendido.
Na indústria de hoje os controles são todos informatizados. É cômico imaginar uma fábrica moderna controlando o ponto de seus funcionários manualmente e com todo o retrabalho que se vê na escola. Controle do professor,controle da secretaria, controle do sistema, controle do coordenador, etc...
Os conservadores de plantão hão de argumentar prontamente que faltam verbas para investir nas modernas tecnologias, o que não é verdade. O que na realidade falta é visão de quem administra estas verbas. A informatização de uma escola custaria muito pouco e se pagaria rapidamente . Imaginem uma roleta na entrada da escola, em que funcionários, alunos e professores passariam os seus crachás e automaticamente fossem registradas suas presenças, alimentando em tempo real,  os sistemas de informações, gerando as folhas de pagamento , os controles de freqüência dos alunos e muitas outras informações. Quantas horas de trabalho burocrático dos professores e das secretarias abarrotadas de gente seriam economizadas. A instalação de câmeras em pontos estratégicos também poderiam reduzir a necessidade de inspetores além de melhorarem a qualidade do serviço . A utilização de lousas digitais agilizariam o processo de apresentação dos conteúdos ,facilitariam a aprendizagem e eliminariam as improdutivas aulas de reforço realizadas nos refeitórios e nos pátios por falta de salas.
Com relação a defasagem tecnológica, talvez também valha a pena comentar que as salas de informática instaladas nas escolas já há alguns anos não ajudam em quase nada na aprendizagem. Primeiro, porque muitas delas não funcionam por falta de manutenção, e também em virtude do despreparo dos professores para o seu uso. A verdade é que ao contrário da indústria na qual os conhecimentos de informática são indispensáveis, na escola pouquíssimos professores sabem operar computadores.
Focando as Relações Humanas, embora devesse ser a escola o principal centro de referência, gerando padrões de conduta para a sociedade, o que se vê  são políticas antigas e inadequadas a realidade atual . Em vez de fortalecer as relações pessoais baseadas na inteligência emocional e no trabalho de equipe ,o que se vê é um individualismo exagerado em que cada um quer fazer da sua maneira, não havendo interação entre as pessoas e nem se acatando sugestões de melhoria dos métodos. Assim sendo, não  ocorre a formação de um time coeso e produtivo. O que se vê são condutas protecionistas de acordo com as “panelas” formadas por grupos que vão surgindo naturalmente de acordo com as semelhanças de caráter. Isso prevalece inclusive nas atribuições de aulas pelos diretores.
Sei que os defensores dos métodos atuais hão de dizer que hoje os alunos têm liberdade e que o professor não é mais o ditador autoritário de antes. Concordo com isso e que de fato a democracia é melhor que a ditadura, porém ainda faltam controles e parâmetros de conduta para todos os envolvidos . A verdade é que cada um faz do jeito que quer.
Enquanto na Gestão Moderna das Empresas, se multiplicam e sofisticam cada vez mais os Sistemas de Qualidade com métodos simples, enxutos e organizados que garantem a qualidade dos produtos ou serviços, na escola estes não existem. A abordagem dos problemas é quase sempre errônea, sem investigação das causas. Com isso as soluções não passam de “eliminação de incêndio”, e com certeza eles voltarão a acontecer. Faltam ações corretivas e preventivas para que os problemas não mais ocorram. Cabe salientar que isto é válido para tudo que envolve a escola: a disciplina dos alunos, a conduta dos professores e funcionários  a manutenção dos equipamentos etc . A “gambiarra” impera na escola.
Completando esta análise comparativa vamos falar dos conteúdos dos currículos, daquilo que se ensina na escola. Também existe uma distância grande entre o que a escola passa e o que de fato se utiliza na vida prática. Nas aulas de matemática, por exemplo, se aprende sobre tabelas logarítimas e leis trigonométricas, porém ninguém sai da escola sabendo controlar os próprios gastos. O brasileiro médio não sabe poupar e nem mesmo gastar menos do que ganha. Vive endividado, com o saldo do cartão de crédito, do cheque especial ou da conta da mercearia sempre estourado. Nas aulas de geografia ele aprende sobre os continentes, porém mal sabe consultar um mapa ou seguir um guia. Nas aulas de língua portuguesa aprendem sobre literatura clássica porém poucos conseguem identificar as características meramente comercias das novelas da televisão . Enfim falta ao conteúdo ensinado na escola uma equiparação ao sistema de vida atual em que a tecnologia e a comunicação imperam.

Assim sendo, resta-nos concluir que é necessária uma revolução geral na educação. Um choque de modernidade nas instalações, nos sistemas e principalmente nas pessoas que  trabalham nesse meio.  É preciso sair do meio comum e interagir com os outros setores e com as comunidades internacionais, mesmo porque na educação perdemos até mesmo apara nossos vizinhos sul-americanos. Enfim está na hora de sair dessa toca.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

ZÉ CAVALCANTE -ESTÓRIAS DO MEU IRMÃO

Zé Cavalcante-foto anos 70  

José Ferreira Cavalcante era meu irmão. Era dois anos mais velho que eu, porém crescemos juntos  e frequentamos a mesma escola até os 11 anos. Nesta idade em que completamos a 4ª série do primário, ele quis parar de estudar. Naquela época em Tapiraí, só havia o grupo escolar no qual se completava no máximo a 4ª série, e a educação se divida em Primário, Ginásio, Colegial e Superior.  Portanto,  quem quisesse cursar o ginásio tinha que viajar a Piedade todos os dias. E naquela época não havia nenhuma ajuda governamental para isto. Eram os pais que tinham que arcar com as despesas de transporte, numa estrada de terra e mal conservada, em que se levava 90 minutos para percorrer os 38 km. Pior que isto, as escolas não ofereciam merenda, e tínhamos que levar dinheiro para o lanche. Assim, naquela época só os mais abastados estudavam além do primário. Apesar da disponibilidade de meu pai em bancar nossos estudos, o Zé, que era como chamávamos meu irmão, não quis continuar estudando. Então passei a estudar sozinho em Piedade enquanto  ele permanecia em Tapiraí, ajudando no comércio e nos trabalhos do sítio, onde criávamos gado. Somente uns 5 anos mais tarde, quando instalou-se em tapiraí  o curso ginasial, foi  que ele resolveu frequentá-lo concluindo além deste o colegial.
Pois bem, o Zé sempre foi um cara inteligente, que obtinha boas notas na escola, porém tinha uma  personalidade  voltada para o comodismo, sem muita gana de lutar , o que acabava colocando-o em situações de grande aperto.. Assim contentava-se com uma vida simples, sem muita responsabilidade e com poucos olhos para as consequências da sua falta de atitudes. Assim sua vida foi pautada por acontecimentos que flutuaram entre a comédia e o drama, sempre ligados a sua falta de cuidados. São algumas destas estórias que eu quero aqui contar-lhes.
De certa feita, o Zé resolveu montar um time de futebol . Para tanto convidou alguns amigos e sem qualquer treino ou providência maior o time estava formado. Marcou-se então o primeiro jogo amistoso para a cidade de Juquiá, para onde rumaram os atletas, alguns de caminhão e outros no carro do Zé que era um Maverick verde . Pois bem , tudo corria bem até o momento da volta. Ai, o caminhão seguiu na frente e o Zé saiu um pouco mais tarde. Durante o percurso, furou um pneu do Maverick. Quando foram trocá-lo perceberam que o estepe também  estava furado. Só então o Zé lembrou-se que havia  esquecido de mandar consertá-lo. Precisaram amanhecer na estrada, até que conseguissem uma carona na segunda-feira...
Mas  este mesmo Maverick , foi o astro de outros acontecimentos. De certa feita quando percorria o “descidão” do Turvo, a tampa do capô se abriu e tapou a visão d o Zé que perdeu o controle do veículo que chocou-se contra o barranco.
Depois do  Maverick , o carro do Zé foi um VW TL azul. Deste me lembro que , de certa feita, o Zé voltava de uma viagem a praia , quando furou um dos pneus. Na época o Zé gozava  de prestígio junto a mulherada, e o carro estava lotado de garotas. Ele era o único  homem. Prontamente o Zé se pôs na tarefa de tentar trocar o pneu, porém não conseguia nunca posicionar o macaco. Foram infinitas tentativas, até que um pedestre passasse pela estrada e indicasse  que ele estava tentando posicionar o macaco de ponta-cabeça...Este mesmo TL foi  destruído após um choque com os trilhos de uma estrada de ferro em Sorocaba, quando o Zé tentava ensinar uma namorada à dirigir.
Além do Maverick e do TL, o Zé foi dono de um Opala amarelo, o qual teve os 4 pneus roubados numa madrugada em que ele largou o carro na estrada porque quebrou.
Um pouco mais velho, já casado, o Zé prestou concurso público na polícia civil e foi trabalhar de carcereiro na cadeia de Piedade. Tornou-se muito querido pelos presos, mesmo porque foi no seu período de trabalho que ocorreram ali as maiores fugas. Provavelmente por alguns descuidos do Zé.
Mas a estória do Zé teve um trágico fim. Morreu aso 50 anos, com dois tiros nas costas. A polícia até hoje não esclareceu o crime e ninguém foi punido por isto. Mais um descuido na trajetória da vida do meu irmão Zé.
Resta contar um último detalhe : o Zé nunca tirou carteira de motorista.

terça-feira, 7 de maio de 2013

AS 10 TECNOLOGIAS QUE MUDARÃO O MUNDO


Existem pelo menos dez tendências tecnológicas que mudarão o cenário mundial , ajudando a alcançar um crescimento sustentável nas próximas décadas. A conclusão foi feita pelo Fórum Econômico Mundial e inclui os seguintes itens:
 

1º ) VEÍCULOS ELÉTRICOS ONLINE (OLEV)

Com o desenvolvimento da corrente elétrica sem fios, estes veículos serão capazes de funcionar com uma bateria com um quinto da capacidade da bateria de um carro atual. Além disso, conjuntos de  bobinas de captação sob o assoalho do veículo, receberão a energia remotamente, através de um campo eletromagnético de transmissão gerados por cabos instalados sob a estrada.

2º) IMPRESSÃO 3-D DE OBJETOS –FABRICAÇÃO REMOTA OU ADITIVA

Produtos criados em computador são transformados em modelos de impressão, para reproduções reais feitas de plásticos, ligas leves ou outros materiais. Esta técnica promete ser a quarta revolução industrial, trazendo a era das máquinas livres.

3º) SENSORIAMENTO REMOTO

Na saúde, o desenvolvimento de sensores remotos , permitirão o monitoramento contínuo do corpo humano (frequência cardíaca, oxigenação do sangue, níveis de açúcar no sangue, etc) e , se necessário podem desencadear uma resposta médica como o fornecimento de insulina.

No trânsito , a comunicação veículo a veículo melhorará a segurança nas ruas e estradas.

4º) PURIFICAÇÃO E DESSANILIZAÇÃO DA ÁGUA DO MAR

Tecnologias emergentes oferecem o potencial de dessalinização e purificação da água do mar, que é uma fonte inesgotável deste líquido, imprescindível a sobrevivência humana. Estas tecnologias são mais eficientes em termos de energia, reduzindo o consumo em 50% ou mais, permitindo que o processo de osmose reversa seja viabilizado economicamente.

5º) CONVERSÃO E USO DO GÁS CARBÔNICO

A transformação dos resíduos de dióxido de carbono (CO2 ) em combustíveis líquidos ou produtos químicos de baixo custo, pode resolver uma das principais limitações ambientais dos combustíveis gerados a partir de matéria primas agrícolas, ou de algas, podendo fornecer combustíveis de baixo teor de carbono para automóveis , aviões ou outros grandes usuários de combustíveis líquidos.

Para isto estão sendo desenvolvidas bactérias fotossintéticas geneticamente modificadas.

6º) MATERIAIS QUE CURAM-SE SOZINHOS

Materiais que se consertam sozinhos podem reparar danos sem intervenção humana externa, o que poderá dar uma vida mais longa aos bens manufaturados e reduzir a demanda por matérias primas.

Outro potencial é o de melhorar a segurança na construção civil , carros e aviões, com materiais auto cicatrizantes. A tecnologia consiste na criação de materiais não vivos que têm a capacidade de recuperar-se quando cortados, rasgados ou quebrados, o que ocorre naturalmente nos organismos vivos.

7º) NUTRIÇÃO EM NÍVEL MOLECULAR

A produção em larga escala de proteínas alimentares puras para o ser humano, pode oferecer benefícios à saúde,  como melhor desenvolvimento muscular , gestão do diabetes e redução da obesidade. Isto será possível com a biotecnologia para nutrição molecular, que permite produzir proteínas com uma maior quantidade de aminoácidos essenciais, com melhores características nutricionais.

8º) APLICAÇÃO PRECISA DE MEDICAMENTOS

Esta tecnologia permitirá que os remédios sejam aplicados com precisão em nível molecular, no interior ou em torno de uma célula doente, com tratamentos mais eficazes e reduzindo os efeitos colaterais indesejados.

Para isto é utilizada a Engenharia em nano- escala, com produção de nano- partículas funcionalizadas que aderem ao tecido doente, permitindo a aplicação em microescala de potentes componentes terapêuticos .

Cientistas  mais ousados trabalham com a possibilidade de que nano-fábricas produzam medicamentos dentro do próprio corpo humano.

9º ) ELETRÔNICA ORGÂNICA

A Eletrônica Orgânica, baseia-se na utilização de materiais orgânicos para criar circuitos e dispositivos eletrônicos, substituindo o silício que têm alto custo.

Isto tornará os produtos extremamente baratos, comparados com os dispositivos eletrônicos tradicionais.

10º ) ENERGIA NUCLEAR COM REDUÇÃO DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS

O desenvolvimento de reatores nucleares de quarta geração, rápidos resfriados  por metal líquido , permitirão uma melhor utilização do urânio que é o combustível utilizado (atualmente utiliza-se apenas 1% da energia potencial disponível ,gerando uma enorme quantidade de lixo radioativo). Com isto a vida útil dos volumes de urânio minerado,  aumentarão em séculos, reduzindo drasticamente o volume e a toxidade do lixo nuclear, cuja radioatividade vai cair abaixo do minério original.

 

FONTE: Agência FAPESP

 

 

 

 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A AGRICULTURA FAMILIAR COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DE TAPIRAÍ

casa da agricultura de Tapiraí-abandonada 

Nos últimos dias temos falado muito da estagnação e falta de desenvolvimento que vem atingindo Tapiraí ,com falta de empregos, o que tem causado o êxodo dos nossos jovens, com conseqüente redução da população e todas as conseqüências advindas disso. Nesse panorama, além do Ecoturismo que parece ser uma boa alternativa, vejo o fomento da Agricultura Familiar como um outro caminho a ser trilhado.
A Agricultura Familiar é o cultivo da terra realizado por pequenos proprietários  rurais, com mão de obra essencialmente familiar. Hoje esta atividade é a principal responsável pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da população brasileira, é o que realmente chega à nossa mesa.
O Governo Federal através do PRONAF-Programa Nacional de Fortalecimento da  Agricultura Familiar , financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares . Por outro lado a lei 11947 de 2009, nova portanto , obriga as prefeituras a adquirirem pelo menos 30 %  dos produtos destinados a merenda escolar de Pequenos Produtores, o que já foi implantado em muitas prefeituras do estado. Agricultores de Piedade já vem se beneficiando disso fornecendo para prefeituras de grandes cidades da região metropolitana de São Paulo.
Mas o que falta para que isto aconteça em Tapiraí, é a parte que cabe a Prefeitura local. Ela deveria utilizar os dois engenheiros agrônomos que são seus funcionários para fomentar a atividade, fornecendo Assistência Técnica e Extensão Rural e assessorando os agricultores na formação de associações e cooperativas. Faz-se necessário um trabalho de educação não formal continuada, que ensine Processos de Gestão, Produção, Beneficiamento e Comercialização das atividades e serviços agropecuários e artesanais.
Na região dos Góes, Rio Bonito e Garcias, antigamente havia uma vasta produção agrícola que aos poucos foi sumindo diante da falta de apoio e assessoria. Acrediamos que faz-se necessário que se arregacem as mangas e se vá a luta  no sentido de fixar o homem a terra e dela tirar o seu sustento de uma forma digna, rentável e honesta. Fica aí o recado as pessaos que estão no poder.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

DONA JOVINA E O BOIADEIRO

Dona Jovina em fotografia de 1990

Dona Jovina Ferreira Magalhães, minha mãe nasceu no Ceará e veio para Tapiraí no inicio dos anos 40, com meu pai e mais 3 filhos pequenos. A viagem durou mais de um mês e foi feita sobre a carroceria de caminhão (pau-de-arara), e em certo trecho pelo Rio São Francisco por uma embarcação rude e insegura. Vieram para Tapiraí porque aqui já morava a família de um parente , o Zé Ribeiro. Foram morar no bairro da Água  Doce, primeiro na estrada que dá acesso ao Alecrim e depois a beira da rodovia, um quilometro além de onde até hoje mora a Bruna e o CIdo. Viveu na Agua Doce até 1968, quando meu pai adquiriu um Armazém em Tapiraí e nos mudamos para a cidade. Já éramos então 11 filhos.
Do  Boiadeiro, não sei  o nome. Ele apareceu em  Tapiraí no início dos anos 80. Segundo se comentava ele era funcionário de um circo que se armou por aqui e conheceu uma tapiraiense pela qual se apaixonou . Quando o circo foi-se embora, resolveu ficar por aqui. Por algum tempo viveu com a moça , porém com a bebedeira e a vida boêmia, acabou sozinho, sem parentes e sem ninguém e virou um morador de rua de Tapiraí. Dormia em um barraco nos fundos de onde hoje é o Centro Cultural.  Nessa época minha mãe já estava com os filhos criados e sem meu pai que infelizmente faleceu muito novo. Minha mãe morava nos fundos do Armazém agora tocado pelos meus irmãosi (em frente ao posto Aoki).
Eis que num belo dia o Boiadeiro, bateu a porta de minha mãe e pediu um prato de comida. Minha mãe prontamente lhe serviu. Ele sentou-se a beira da casa em um banco de madeira e ali almoçou. Daquele dia em diante, virou “freguês” assíduo de minha mãe. Virava e mexia La estava ele a janela de minha mãe pedindo um prato de comida, que minha mãe jamais negou.
Em 1991, minha mãe faleceu aos 77 anos. O Boiadeiro nesta época devia ter uns 40 anos. Estávamos todos tristes com a morte de minha mãe, porém conformados diante do fato de ela ter vivido de uma forma feliz a sua maneira, criando seus filhos e sendo  sempre amável , calma e muito religiosa, sem nunca discutir com ninguém. Mas eis que chega ao velório de minha mãe o Boiadeiro em prantos..., aproximou-se do esquife e pronunciou as seguintes palavras em voz trêmula: “ E agora..., quem é que vai me dar um prato de comida?”.
A cena comoveu a todos os presentes. Passados alguns anos, o Boiadeiro morreu atropelado por um veículo na madrugada de Tapiraí . Ninguém viu qual era o caminhão e nem quem era o motorista.Talvez pela humildade da pessoa do Boiadeiro, e por estar sempre bêbado, nem sequer se investigou quem foi  o assassino.
Estou narrando esta estória, porque ela faz parte da minha vida . O episódio do velório da minha mãe foi como que uma encomenda do além para nos mostrar o quanto minha mãe , na simplicidade do seu gesto tinha a ensinar a nós todos , seus filhos , netos e bisnetos.
Que todos tenham um velório como o de minha mãe!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

TAPIRAÍ E A COLÔNIA JAPONESA

Imagem de Tapiraí da década de 1970

Não sei bem como a história começou  porque só a presenciei a partir do final da década de 1960 e não tive acesso a qualquer documento sobre o tema se é que eles existem, porém é sempre importante registrar o que se sabe e contribuir para a memória da cidade.
No final da década de 1960, era muito grande a quantidade de famílias de japoneses e descendentes que moravam no município de Tapiraí. Algumas no bairro do chá, que recebeu este nome exatamente por causa do cultivo intenso da erva-mate  naquela região. Os japoneses eram os principais envolvidos. Filiados a Cooperativa Agrícola de Cotia, cultivavam a erva , cujos brotos eram colhidos e processados em uma fábrica instalada no bairro, cujo prédio existe até hoje.
Além da Cooperativa Agrícola de Cotia, havia na cidade um núcleo filiado a Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, também com  origem de descendentes nipônicos , esta mais ligada ao cultivo de hortaliças. Seus filiados residiam nos bairros Juquiazinho, Fazenda Velha e Turvo.
Com um grande contigente de japoneses e descendentes , Tapiraí era uma cidade com grande influênica nipônica. Havia o clube japonês , então denominado Associação Cultural e Esportiva Tapiraí (que existe até hoje) , onde aconteciam aulas de japonês e atividades esportivas ligadas ao judô, vôlei, tênis de mesa , futebol etc.
Nos finais de semana havia a exibição de filmes japoneses legendados. As famílias vinham para a cidade em seus tratores que puxavam carretas com homens , mulheres e crianças, que instalavam-se sob o tatame  e consumiam comidas e bebidas típicas durante as seções de cinema. Porém o acesso não era apenas aos descendentes. Todos podiam assistir e eu era uma das crianças que não perdia nenhum dos filmes. Eram filmes de Samurai, com estórias baseadas em lendas japonesas, de difícil compreensão para nós, não descendentes, porém eu via um encanto extraordinário em ir ao cinema e ver aquela tecnologia, até então quase desconhecida por aqui. Cabe lembrar que nesta época não existiam  televisores instalados  em Tapiraí, mesmo porque eles não pegavam. O único show de imagens possível era portanto o cinema japonês. Mas além dos filmes, a colônia japonesa promovia festivais de Karaokê, de danças típicas e festas esportivas como campeonatos de futebol, vôlei e tênis de mesa. Uma vez por ano havia uma grande festa chamada de Undokai , que era uma grande gincana com múltiplas competições envolvendo pessoas de todas as idades.
Foi uma época interessante e propulsora par Tapiraí, liderada pela colônia japonesa. Porém a falência das cooperativas e a crise agrícola dos anos 1980, acabaram por diminuir a influência japonesa, com muitos dos descendentes das famílias retornado ao Japão ou mudando-se para as cidades grandes, reduzindo substancialmente a população de descendentes de  japoneses no município.
Vale lembrar que Tapiraí teve dois  prefeitos  e vários vice-prefeitos de descendência nipônica exatamente em função da grande quantidade de eleitores de origem japonesa que existiam por aqui.