O carnaval deste ano passei em Tapiraí. Inevitável se tornou a comparação com o carnaval de outros tempos em que também os passei por aqui.
Na década de 70,já havia em Tapiraí a ACET- Associação Cultural e Esportiva Tapiraí, administrada pela colônia japonesa , que era então grande e forte principalmente porque aqui habitavam muitas famílias de japoneses e descendentes que trabalhavam na agricultura, em granjas produtoras de ovos e frangos e na agroindústria relacionada ao chá verde que era então produzido em larga escala e exportado para a Inglaterra.
A ACET promovia sessões de cinema em que eram exibidos filmes japoneses legendados, aulas de Judô, aulas do idioma Japonês, campeonatos de tênis de mesa, festivais de Karaokê e uma série de outros eventos esportivos como a festa do “UNDOKAI” em que uma série de gincanas aconteciam no campo de futebol. Havia ainda a equipe de futebol da ACET que não sei bem porque era popularmente conhecido como o “SANTA CATARINA” . Promovia-se na época torneios de futebol que duravam um domingo com jogos desde a manhã até o final da tarde em que participavam equipes de várias cidades da região (Piedade, Pilar do Sul, São Miguel, Registro, etc..).
No carnaval a sede da ACET era então cedida a Prefeitura que promovia lá os bailes animados pela banda do Davino Tardelli ( que hoje dá nome ao conservatório municipal de Piedade) , pela “Banda do Chimbica” ou simplesmente por tapes das gravações da Banda do Canecão e sambas enredos da escolas de samba do Rio de Janeiro.
Nestes bailes de carnaval a animação era intensa com um ambiente de paz e familiaridade e com participação de muita gente de outras cidades que vinham a Tapiraí porque o carnaval daqui era tido como um dos melhores da região.
Difícil não comparar e detectar facilmente o que mudou. Primeiro a atividade econômica que hoje está minguada porque a a agricultura desapareceu e a agroindústria faliu. Segundo a evasão dos japoneses e descendentes que seguiram o sentido migratório contrário de volta ao Japão ou estabeleceram-se em cidades brasileiras mais prósperas . Por último cabe citar o vazio cultural reinante nos governantes atuais que ainda não entenderam o sentido verdadeiro da cultura. Cultura se faz promovendo ações que envolvam o povo do lugar para que os turistas e a população local assista e não simplesmente se contratando uma escola de samba medíocre de Sorocaba para desfilar num único dia. Cultura se faz formando músicos locais, incrementando a formação de blocos de carnaval locais, desenvolvendo o artesanato local.
Resta-nos aguardar que novos rumos sejam dados a nossa cidade, que tragam de volta o ritmo e a magia dos carnavais da minha mocidade.
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