Moro em Tapiraí e trabalho em Piedade. Conseqüentemente faço em todos os dias úteis, o trajeto de 38 km de ida e volta. Em alguns dias costumo fazê-lo de ônibus e para tanto tomo o “Danúbio Azul” das 7 da manhã para ir e o “Circular São João” das 18:30 para voltar. Apesar do longo tempo da viagem e dos contratempos da espera , gosto da viagem de ônibus pelo convívio que traz com a gente da minha terra. Adoro encontrar com os conhecidos, alguns velhos amigos de infância que nos permitem recordar as traquinagens e aventuras da juventude, além de ouvir as estórias de cada um.
Interessante a fluência com que as pessoas narram seus dramas e suas alegrias, sem se importarem muito com a platéia. É como se fosse um teatro da vida real com alguns personagens fixos, que viajam todos os dias e algumas participações especiais daqueles que viajam de vez em quando.
E desta forma assisto aos dramas de algumas pessoas: A mulher que comprou um carro e que o filho bateu e ela tem que pagar o concerto; O homem cuja família teve as roupas roubadas do varal; A moça cujo namorado ficou com a amiga; O rapaz que brigou e apanhou no fim de semana; A avó cujo netinho está com ela e os pais no Japão, etc.
Porém nem só de estórias tristes é feita ávida e também assisto a muitas comédias: A mulher que esqueceu o feijão no fogo e queimou; As piadas sobre o patrão ou a patroa, As gozações sobre os times de futebol; As criticas aos políticos, etc...
E assim flui a vida num vaivém delicioso pelos cenários de Tapiraí, Turvo, Bateia, Redussino, Prestes, Miguel Russo, Vila Moraes, Bairro dos Pintos, Liberdade e Piedade, incluindo os personagens deste nosso mundo pobre, porém humano e fraterno
Não percam este espetáculo, só custa o preço da passagem e é apresentado todos os dias.
Interessante
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