Este espaço destina-se a publicação de opiniões do autor sobre temas relacionados a Política, Economia, Artes e Humanidades, particularmente focadas na comunidade do município de Tapiraí-SP
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segunda-feira, 18 de novembro de 2013
A MORTE DO FILHO DO AGENOR
Vivíamos a década de 1960 no bairro da Água Doce no município de Tapiraí. Meu cérebro de criança, reteve o episódio e o guardou, talvez pelo grau de dramaticidade envolvido e agora o avançar da idade me faz relembra-lo. A atividade exploratória era á única opção de sobrevivência naquele sertão onde morávamos. E meu pai tinha as pessoas que o ajudavam nos serviços de madeira, carvão e palmito. Naquele tempo, empregados eram chamados de camaradas, não sei se por influência socialista ou simplesmente porque havia um espirito de solidariedade. Dentre os camaradas de meu pai havia um que se chamava Agenor. Ele tinha uns 5 filhos pequenos e morava numa casa de taipa coberta de guari canga com piso de chão batido e sua mobília era composta de um fogão de lenha, feito de barro , um cepo grande que servia de mesa, cepos menores que serviam de cadeiras. Dormiam em marimbas construídas de taquara-açu cobertas por colchões feitos com sacos de açúcar, recheados com palha de milho e capim. Aquele era o padrão de vida dos camaradas do meu pai.
Num certo dia fomos surpreendidos pela notícia de que a mulher do Agenor tinha dado a luz a mais um filho, e que este filho havia nascido sem vida. Meu pai providenciou a chamada do carpinteiro que confeccionou o caixãozinho de madeira e o recobriu com um tecido branco. Na época não havia por aqui as urnas funerárias produzidas industrialmente. Passamos parte da noite na humilde residência do Agenor guardando o anjinho. Depois de uma certa hora, nós as crianças fomos dormir em nossas casa e apenas os adultos permaneceram ali.
Na manhã seguinte fechou-se o caixãozinho e meu o pai o pegou e transportou nas costas até a beira da estrada de terra, e ficou ali aguardando que algum veículo lhe oferecesse carona e o transportasse até Tapiraí, para providenciar o enterro. Lembro-me bem de minha mãe repreendendo a meu pai pela ventura de querer seguir a pé os 10 quilômetros até Tapiraí, com aquele caixão de anjo às costas.
Agora reflito sobre o episódio e faço a análise critica , revivendo o grau de pobreza daquela época. Não haviam condições habitacionais adequadas, nem saneamento básico. A assistência médica não existia, e as mães tinham seus filhos sem que nenhum médico as examinasse durante a gravidez. Os índices de mortalidade infantil e de mães durante o parto eram alarmantes e o poder público não fornecia nenhuma assistência naquelas situações. As dificuldades nas comunicações também eram extremas.
Passados cerca de 50 anos deste episódio, me resta constatar que as condições de vida melhoraram muito no Brasil, porém as condições de sobrevivência econômica continuam precárias , no município de Tapiraí. A transformação do município em reserva ambiental inibiu a atividade exploratória, sem o surgimento de uma nova agenda de atividades que as tenha substituído. O ecoturismo que parece ser o caminho mais viável há 30 anos segue a passos de tartaruga, principalmente porque o poder público local até hoje não desvendou o caminho do sucesso. Que lutemos pois por mudar esta triste realidade.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
PARA QUE SERVE O CONSELHO TUTELAR
O Conselho Tutelar é composto por cinco membros, eleitos pela comunidade para acompanharem as crianças e os adolescentes e decidirem em conjunto
sobre qual medida de proteção para cada caso.
Devido ao seu trabalho de fiscalização a todos os entes de proteção (estado, comunidade e família), o conselho goza de autonomia funcional, não tendo nenhuma relação de subordinação com qualquer outro órgão do estado.
Importante esclarecer que a autonomia do Conselheiro funcional não é
absoluta. No tocante as decisões, estas devem ser tomadas de forma colegiada
por no mínimo três conselheiros, e não apenas por um ou dois deles. É dever e
função do CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
fiscalizar a permanência dos pré-requisitos exigidos pelo ECA aos conselheiros
tutelares, em especial o da idoneidade moral e residência no município, podendo
suspender ou mesmo pelo voto de censura demitir conselheiro.
Conhecer os direitos da criança e do adolescente não é pré-requisito
para candidatura a conselheiro tutelar. Desconhecê-los porém pode ser motivo
para cassação de conselheiro eleito e em exercício de mandato. Logo, uma vez
eleito, o conselheiro tem o dever de aprender e conhecer profundamente os
direitos da criança e do adolescente aos quais tem a função de zelar.
Para ser conselheiro tutelar, a pessoa
deve ter mais de 21 anos, residir no município,e reconhecida idoneidade moral. Cada município pode criar outras exigências
para a candidatura a conselheiro, como carteira nacional de habilitação ou
nível superior (há controversia sobre isto) . Uma vez eleito, o Conselheiro
pode ser cassado pelo CMDCA se não manter os critérios.
O conselheiro tutelar precisa ter bom senso para se fazer presente onde
há violação de direitos ou indicios e possibilidades de violação e agir para
cessá-la ou eliminar o risco de que ocorra. Para isto não deve fazer, mas
requisitar os meios necessários a que se faça. Conselheiro Tutelar não é
policial, não é técnico, não é Juiz é apenas o zelador dos direitos da criança
e do adolescente e deve requisitar ações que os garanta ou representar contra
sua inobservância ao Ministério Público e Poder Judiciário para que estes façam
os mesmos valer, quando administrativamente não conseguirem tal intento.
São atribuições do Conselho
Tutelar :
I- Atender as
crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts.98 e 105, aplicando as
medidas previstas no art. 101, I a VII;
II- Atender e aconselhar pais ou responsáveis, aplicando as medidas
previstas no art.129, I a VII;
III- Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço
social, previdência, trabalho e segurança;
b) Representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento
injustificado de suas deliberações;
IV- Encaminhar ao Ministério Público notícia de
fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança e do adolescente;
V- Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI- Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre
as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor do ato
infracional;
VII- Expedir notificações;
VIII- Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente
quando necessário;
IX- Assessorar o poder executivo local na elaboração da proposta
orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e
do adolescente;
X- Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos
direitos previstos no art. 220, §3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI- Representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou
suspensão do pátrio poder.
Referências :
Wikipédia
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
MINHA NOITE NA UTI
![]() |
Santa casa de Piracicaba |
Dia 23 de maio de 2007. Morava eu em Piracicaba e todas as
manhãs dirigia-me ao trabalho, às vezes de carro, às vezes de ônibus. Do Jardim
Elite ao Algodoal era aproximadamente
meia hora de viagem. Cheguei ao trabalho, vários problemas a resolver, o
telefone tocando infinitamente, clientes querendo seus pedidos, eu acionando a
fábrica na busca de soluções. De repente uma forte dor no peito. Subo as
escadas com dificuldades e sento a minha cadeira. A dor desce pelo braço
direito. Sintoma detectado. Estava enfartando.
Peço socorro ao homem dos transportes, mas não tem nenhum
carro disponível na fábrica. Peço ao colega do lado para me levar até minha
casa. Ele prontamente me leva e no caminho a dor vai apertando, a vista
escurece, as imagens distorcem , assim
como as palavras que o meu amigo pronuncia. Chego a minha casa e aviso minha
mulher que estou morrendo. Ela chama a vizinha e me levam ao pronto socorro da
santa casa. Enfermeiros trazem uma cadeira de rodas na qual eu me sento e me
conduzem ao atendimento. Colocam-me sobre uma maca, cercado por mais dois ou
três doentes. Tiram meus sapatos, tiram
minha blusa, a correntinha do pescoço com o crucifixo pendurado. O médico
examina, colocam um enorme comprimido sobre minha língua, aplicam injeções. Uma
moça conecta-me eletrodos e realiza um eletrocardiograma. Um enfermeiro chega
próximo de mim e diz que está orando para me salvar. Dai ouço o médico ao
telefone: -paciente de 50 anos, preciso da sala do centro cirúrgico com urgência.
Uma leve pausa...um silêncio . Dois
homens se aproximam e conduzem minha maca pelo corredor afora...Passo por salas
cheias de gente que em observam. De repente vejo o céu azul, é me lembro que
aquela é uma manhã ensolarada de maio.. a maca e enfiada numa ambulância. O
veículo segue...Anda uns cinco minutos e depois para. Tiram a maca e novamente
eu vejo o céu azul. Depois um enorme corredor e o acesso a uma sala onde cerca
de cinco pessoas me aguardam, com suas máscaras. Conectam-me aparelhos, ouço
apitos...tiram minha roupa...estou completamente nu. O médico me
examina...sinto uma picada na coxa... imagens surgem numa tela...falam uma linguagem que eu não conheço...De vez em quando me
pergunta: - tudo bem seu Paulo ? e eu respondo que sim. Me dá explicações...Ja
detectamos o seu problema, agora vamos resolvê-lo. Ouço um leve apito...e tudo
some...por alguns segundos eu morri. De repente retomo os sentidos....todos
estão me olhando...me perguntam se eu estou bem e saem da sala. Uma única
mulher fica junto a mim e me explica os detalhes da ocorrência e do procedimento...
a primeira imagem, uma importante veia obstruída...Depois a imagem pós
procedimento...o sangue fluindo normalmente. Me avisa que eu tinha sido salvo..
explica porque eu me mantive vivo. Mostra o stendi (uma molinha) que havia sido
colocada para desobstruir a veia. Conduzem a maca e me levam para a UTI, onde
me colocam ao lado de uma senhora idosa que chora e lamenta sem parar...Ali eu
passo um bom tempo, até que o meu amor entra...Traz um sorriso triste nos
lábios e toca meu rosto...Conta-me que quando
lhe entregaram os meus pertences
ela pensou que eu houvesse morrido...Peço a ela para ligar para minha
filha e meus irmãos...Ela fica um tempo comigo e vai embora. Tenho um aparelho
de oxigênio no nariz e eletrodos conectados aos meus dedos e ao meu peito...De
vez em quando soam apitos e uma enfermeira corre ao meu
lado...Anoitece...percebo que já são altas horas...Um médico e uma enfermeira
sentados passam a noite ao meu lado falando de coisas banais... da viagem das
férias...do comportamento do filho...A mulher idosa , fala e chora e noite
flui...
No dia seguinte sou despertado pela presença da minha filha
que me abraça e me aperta a mão...Depois é minha enteada que entra e manifesta
um sentimento que jamais imaginava que ela sentisse por mim...Era importante
que eu permanecesse vivo.
Passaram-se mais cinco dias e eu recebi alta...antes tive
uma séria complicação pulmonar resolvida...Minha mulher me acompanhou na
saída...Sai andando e tomamos um taxi.. o rádio estava ligado e Zé Ramalho
cantava Chão de Giz...” No mais, estou indo embora baby...” Desde então essa
música virou o hino da minha vida...
quarta-feira, 31 de julho de 2013
O DESENVOLVIMENTO HUMANO EM TAPIRAÍ

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida
resumida do progresso, baseada em três aspectos: renda, educação e saúde,
diferentemente do Produto Interno Bruto (PIB) que só considera a dimensão
econômica do desenvolvimento.
O relatório de desenvolvimento humano, emitido pelas Nações
Unidas, tem um grande impacto nas reflexões sobre o tema no mundo todo, uma vez
que mede a eficiência das políticas públicas .
Nesta semana foram divulgados dados a respeito do IDH dos
municípios brasileiros, calculados pela ONU, com base no último censo do IBGE.
Analisamos os dados do município de Tapiraí, comparando-os
com o das três cidades mais próximas: Piedade, Juquiá e Pilar do Sul,
subtraindo da visão os aspectos regionais, visto que os quatro municípios
encontram-se muito próximos e com condições naturais muito semelhantes. Os dados
obtidos estão no quadro abaixo :
Como se vê, Tapiraí encontra-se abaixo dos outros três
municípios analisados, ocupando a 2412ª posição no Brasil, ou seja existem 2411
cidades no Brasil, melhores de se viver do que Tapirai. Considerando-se que o
Brasil tem 5.570 municípios , estamos um pouco acima do meio da tabela. Isto
parece bom, mas não é quando vemos que estão incluídos na tabela todos os
municípios do norte e nordeste brasileiro , cujos patamares são muito
inferiores aos municípios paulistas.
No detalhamento percebe-se que o índice de longevidade
(expectativa de vida) é bom, só perdendo para Piedade entre as quatro cidades
analisadas, porém estamos mal em renda e em educação .
Acho interessante que a população do município e
principalmente as pessoas que guiam as políticas públicas , atentem para estes
números. Eles medem o desenvolvimento e a
eficiência das políticas públicas locais.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
CRITICA PARA AJUDAR A MELHORAR A FESTA DO GENGIBRE
Terminada a edição deste ano da Festa do Gengibre de Tapiraí
cabe-me traçar alguns comentários sobre a mesma. Talvez tenha sido eu um dos
mais ferrenhos críticos da festa Não que
eu seja contra festas ou contra o lazer, mas é que dada a escassez de recursos
, acho que eles têm de ser gastos de uma forma muito bem planejada de forma a
contemplar o maior número de objetivos possíveis. Nosso município enfrenta uma
carência econômica crônica com falta de atividades que gerem empregos e renda
com uma consequente evasão dos jovens , não crescimento da população e estagnação
do desenvolvimento sem implantação de melhorias da qualidade de vida. A Festa
do gengibre deve portanto acima de tudo ser um instrumento de desenvolvimento
econômico. Para que ela seja um
instrumento de desenvolvimento econômico precisa incentivar o turismo,
desenvolver o comércio local, melhorar a agricultura, gerar emprego e
desenvolver a cultura local.
Para incentivar o turismo ela precisa ser original, inovadora,
apresentar algo diferente do que se vê nas festas das outras coidades. A
criatividade precisa funcionar e trazer algo inédito e não a simples repetição
da festa junina de Votorantim, ou o rodeio de Salto de Pirapora que nada têm a
ver com o Gengibre. Pra desenvolver o comércio local não tem que cobrar taxas
exorbitantes para afastar os comerciantes da cidade e trazer o de outros
municípios. Precisa sim incentivar as pessoas a virem almoçar no Restaurante do
Tutu, a hospedarem-se no Salve Floresta ou no Encontro das Águas a comerem o
Yakissoba do Japonês ao lado da Padaria , etc.
Para melhorar a agricultura precisa apresentar em paralelo
um evento técnico com palestras sobre o cultivo do gengibre, debate sobre o
controle de pragas, apresentação de técnicas de industrialização para agregar
valor a produção, palestras sobre políticas de financiamento a produção,
etc...Para gerar emprego deve-se inserir no evento uma enorme feira de
artesanato, não sem antes cadastrar os artesãos do município e dar-lhes amplo
treinamento de forma a produzir algo
vendável e lucrativo. Para desenvolver a cultura local ao invés de contratar
artistas de quinta categoria das cidades grandes vamos investir em corais,
bandas locais, grupos de dança, grupos de teatro, viola caipira, etc...
Em vez de enaltecer os políticos, enaltece o povo...em vez
de rodeio, esse espetáculo deprimente, maltratador de animais , apresentações
de música clássica enaltecedoras do
amor, da paz e da natureza...em vez da música alta e de mal gosto nas altas
horas a contemplação da lua e das estrelas...
Talvez eu seja um sonhador...talvez eu morra sonhando...
quarta-feira, 3 de julho de 2013
A PRECARIEDADE DO SERVIÇO PÚBLICO BRASILEIRO
No
dia a dia , onde eu vou sinto a deficiência do atendimento no serviço público
brasileiro. Se necessitamos de um atendimento no sistema público da saúde
deparamos com a dificuldade em marcar uma simples consulta, com a demora no
atendimento, o atraso na realização de exames e a quase impossibilidade de
realização de procedimentos mais sofisticados.
Na
educção pública deparamos com uma escola em que os alunos não aprendem e nem
desenvolvem sua capacidade de aprender sozinhos. Atraso tecnológico, gestão
ultrapassada e falta de qualificação conduzem a falta de eficácia.
Investimentos são desperdiçados pela falta e sincronismo entre pessoas, métodos
e tecnologias.
E
assim tenta caminhar o país por estradas mal cuidadas, sistemas logísticos inbecís,
e uma infraestrutura que não se moderniza. Vivemos num país em que tudo
funciona mal.
A
ineficácia do serviço público brasileiro é gerada muito mais por problemas
administrativos do que técnicos. É fruto da mente bitolada e adversa dos
adminsitardores públicos barsileiros. Gente cuja meta única é a realização de seus interesses pessoais. O serviço público está carente de
pessoas com visão estratégica, que pense em simplificar processos, eliminar
tarefas desnecessárias e reduzir custos
focando a produtividade.
O
pior de tudo é que o Brasil acostumou-se com um serviço público de baixa qualidade e não reage a isto. A ineficiência e
a ineficácia é conveniente para muita gente que aproveita-se disso para
explorar a política de favores. Cria-se um cidadão dependente e agradecido
quando algo funciona.
Competência
para fazer bem feito e Ética para fazer com lisura é o que de fato está
faltando. Continuemos pois a bater na mesma tecla , exigindo a substituição de
administradores incompetentes por gente técnica capacitada.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
APELIDOS ENGRAÇADOS
Hoje logo pela manhã eu vi o neguinho. Quer dizer o Vicente
Messias Filho.Será que é este mesmo o nome dele? Pode não ser , mas o apelido é
com certeza. Ao longo da vida conheci muita gente com apelidos e incrivelmente
o apelido é sempre mais forte que o nome.
Amigos de infância, colegas de faculdade, colegas de
trabalho , amigos, conhecidos...São muitas as pessoas do meu convívio que tem apelidos, alguns engraçados, outros
nem tanto e alguns até com dose de preconceito, mas quase sempre sem maldade.
Algumas regras no mundo dos apelidos parecem infalíveis. Uma
delas é que quanto menos a pessoa gosta do apelido, mais ele tende a pegar, até
um ponto em que a situação se torna irreversível e ai o jeito é aceitar.
Existem os apelidos domésticos familiares, carinhosos, as vezes no diminutivo
que geralmente são bem aceitos, mas também existem aqueles que surgem com
instinto gozador.
Alguns apelidos são geralmente aplicados a determinados
tipos de pessoas. Eis alguns deles ;
Sapo = sujeito de
boca grande
Parafuso=sujeito
de cabeça quadrada
Deixa-que-eu-chuto=
sujeito manco
Galinha (para
homem) = sujeito mulherengo
Galinha (para
mulher) = melhor nem citar
Galo = sujeito
com cabelo em forma de crista
Cumbica
/Pouca-telha/Aeroporto de mosquito/mikaiu= sujeito careca
Ganso = sujeito
de pescoço comprido
Pinóquio=
Narigudo ou mentiroso
Tamanduá ou quati=narigudo
Montanha =
baixinho
Outra forma comum de apelido que surge é quando o individuo
se parece com alguém famoso. Conheci inúmeros Tim Maias, Pelés, Robertos
Carlos, Cetanos Velosos , etc.
Fiquei admirado em ver outro dia meu filho ser chamdo de
Cesar Menoti...também quem mandou ser gordinho. E minha filha, coitada...tão
magrinha na infância que a chamavam de “acidente com trator”. Ao indagar porque
tão estranho apelido recebi a explicação de que era porque num acidente de
trator a pessoa é amassada e fica fininha...coisas bem de criança. Também tive
um amigo baixinho, cujo apelido era “mentira”. Ao indagar o porque veio a
resposta: porque mentira tem perna curta.
Enfim , apelidar os outros é mais uma forma sutil de ser
feliz dos brasileiros.
Detalhe: já fui “cartucho” e “PC Farias”. Atualmente sou só
“Paulinho”. Até onde eu sei....
quarta-feira, 5 de junho de 2013
SAÚDE , EDUCAÇÃO E SANEAMENTO EM VEZ DE ESTRUTURA ADMINISTRATIVA
O Brasil possui atualmente 5.570 municípios e a Câmara dos
Deputados acaba de aprovar projeto que possibilitará a criação de pelo menos
150 novos municípios.
As regras aprovadas
são um tanto quanto rígidas, visto que exigem alguns pré-requisitos como
população mínima de 12.000 habitantes (nas regiões sul e sudeste), consulta
prévia com aprovação de 20% dos eleitores, e aprovação pela Assembleia
Legislativa que deverá avaliar as condições econômico-financeira,
político-administrativo e socioambiental, porém ,abre uma brecha para o aumento
da quantidade de municípios e consequentemente do aumento dos gastos públicos.
Os pequenos municípios em sua grande maioria são inviáveis
economicamente, ou seja o que eles arrecadam está muito abaixo do que gastam,
não por culpa das necessidades básicas como saúde, educação e infraestrutura,
mas muito mais por conta dos gastos para manter a estrutura administrativa. São
prefeitos, vereadores, secretários, diretores, chefes de gabinete, etc que
recebem salários advindos de verbas
públicas que poderiam ser direcionadas as necessidades básicas, ou seja o
atendimento a população acaba prejudicado pelo excesso de municípios.
Na verdade a criação de municípios atende a interesses
menores e a máquina eleitoral . A criação de municípios só é mesmo interessante
para os políticos pelos cargos
desnecessários e o aumento com folha de pagamento que geram.
Acredito que a fusão de pequenas cidades poderia trazer
benefícios significativos para as populações com a redução dos gastos públicos,
melhorias na saúde, educação e infraestrutura e redução da corrupção . Porém
difícil de acontecer diante dos interesses dos políticos gananciosos por cargos
públicos.
sábado, 1 de junho de 2013
ESTÓRIA BONITA DE CIDADE PEQUENA
Desde que voltei a morar em cidade pequena, tenho visto
estórias bonitas e feias por aqui. Algumas merecem registro. E esta é bonita e
recente.
O velho Tibagir todo dia ia buscar pão. Antes do
supermercado abrir, ele já caminhava com dificuldades com sua bengalinha,
atravessava a avenida que também é rodovia e seguia pela ruazinha que beira o
riacho. Passava pelas escolas em meio a criançada e ficava em pé ao lado da
igreja, lateralmente ao supermercado. Ali ele esperava o Chiquinho ou o César
chegar e abrir o supermercado. Então dirigia-se suavemente pela rampa e
aguardava que as moças lhe trouxessem os pães. Religiosamente, chovesse,
garoasse ou com sol , isto acontecia.
Por aqui ainda se compra fiado. E não é fiado com cartão de
crédito, nem cheque pré-datado, nem boleto bancário. É fiado daquele marcado no
caderninho, cuja garantia única é a confiança. E inacreditavelmente não se
perde muito. As pessoas em sua grande maioria pagam religiosamente suas contas
. E o velho Tibagir era assim.
Mas na última semana a cena não se repetiu. O velho Tibagir
não mais apareceu. A triste notícia deu conta de que ele faleceu em Curitiba
após uma longa viagem para assistir um casamento. Diante do fato ,alguns
comentaram : a última aposentadoria deveria ser recebida por alguém para quitar
as contas. Mas diante do comentário a resposta do Chiquinho foi breve: “a conta
dele já foi quitada...não recebo contas de quem já morreu...é uma lição antiga
que aprendi com meu avô.” . E os olhos se encheram de lágrimas....
Isto contado pela minha mulher também emocionada, me fez chorar...Talvez porque o avô do
Chiquinho era meu pai que morreu antes mesmo dele nascer...
As lições do meu pai ficaram, e as estórias bonitas ainda
acontecem por aqui. A vida é mesmo bela!
quinta-feira, 30 de maio de 2013
A FALTA DE QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA ESTÁ MATANDO A INDÚSTRIA BRASILEIRA
O noticiário econômico mostra notícias nada interessantes. O
crescimento do país nos primeiros meses do ano esteve bem abaixo da expectativa
e isto significa que não estamos gerando os empregos necessários para absorver
a mão de obra gerada pelos jovens que entram no mercado de trabalho.
A principal causa disso é a baixa competitividade do país a
nível internacional, quesito na qual vem
perdendo terreno ano a ano. Competitividade é a capacidade que o país tem de
oferecer produtos e serviços com qualidade e preço, num mercado altamente
competitivo. A competitividade brasileira é baixa pelo excesso de impostos,pela
falta de infraestrutura e principalmente pela falta de produtividade na
indústria.
A baixa produtividade da nossa mão de obra acaba por onerar significativamente
o custo dos produtos tornando-os muito caros e dificultando a sua
comercialização. Nem a nível interno conseguimos competir com os produtos
chineses e coreanos que chegam ao país a preços absurdamente menores do que os
fabricados aqui. Esta baixa produtividade é causada principalmente pela má
formação do trabalhador brasileiro que precisa ser capacitado dentro da própria
indústria, visto que as escolas técnicas e universidade não conseguem formar a
quantidade de pessoas necessárias para move-la.
Diante disso, fica
evidente a necessidade de melhoria da educação num prazo imediato, o que é
substancialmente dificultoso numa estrutura educacional enferrujada e
desmotivada pelos baixos salários dos professores.
Neste cenário, resta-nos arregaçar a mangas e oferecer o que pudermos em prol de uma educação técnica
mais eficiente e dinâmica. Nossas experiências precisam ser transferidas ao
jovens para torná-los capacitados.
domingo, 26 de maio de 2013
A ESCOLA PÚBLICA PAROU NO TEMPO
Trabalhei quase trinta anos em indústrias e agora estou
professor. Digo estou porque o verbo ”
ser” dá uma idéia de longo prazo e na realidade meu contrato com a Secretaria
Estadual da Educação só vai até 23 de dezembro. Depois disso não sei quais
ventos me conduzirão e nem a qual destino.
Optei em transferir-me de um cenário de grandes transformações
para um cenário a meu ver mais calmo e importante, embora mal remunerado,
acreditando sinceramente que atuar no magistério pudesse contribuir para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas da região na qual nasci .
No entanto, algo gritante tem me chamado a atenção nessa
nova atividade: a grande defasagem entre o tempo atual e o ponto em que se
encontra a escola pública paulista. Isto pode ser visualizado comparando a escola
pública paulista com a indústria, seja ela brasileira ou transnacional.
Tomaremos a situação apenas sobre alguns aspectos :
Tecnologia, Relações Humanas, Sistema de Gestão e Conteúdo .
Em termos de Tecnologia, a escola de hoje é quase a mesma de
30 anos atrás, senão vejamos. Ainda se usa giz , lousa e apagador. O controle
de freqüência ainda é feito no Diário de Classe, o mesmo dos meus tempos de
ginásio (tenho 54 anos de idade) , no qual o professor usa uma caneta e
preenche cada quadradinho de uma folha quadriculada a cada aula para cada
aluno. O controle de notas também continua da mesma forma, embora agora tenha alguns
diferenciais: ninguém pode ser reprovado, pois isso significa menores bônus
para professores,coordenadores e
diretores .Também existe agora um retrabalho de digitação para alimentar o sistema
geral da secretaria estadual ,que de fato é o que vale (embora com infinitos
erros gerados pela multiplicidade de meios geradores da mesma informação ) Cabe
salientar que nos tempos remotos não havia bônus e só passava quem de fato tinha
aprendido.
Na indústria de hoje os controles são todos informatizados.
É cômico imaginar uma fábrica moderna controlando o ponto de seus funcionários
manualmente e com todo o retrabalho que se vê na escola. Controle do
professor,controle da secretaria, controle do sistema, controle do coordenador,
etc...
Os conservadores de plantão hão de argumentar prontamente
que faltam verbas para investir nas modernas tecnologias, o que não é verdade. O
que na realidade falta é visão de quem administra estas verbas. A
informatização de uma escola custaria muito pouco e se pagaria rapidamente .
Imaginem uma roleta na entrada da escola, em que funcionários, alunos e
professores passariam os seus crachás e automaticamente fossem registradas suas
presenças, alimentando em tempo real, os
sistemas de informações, gerando as folhas de pagamento , os controles de
freqüência dos alunos e muitas outras informações. Quantas horas de trabalho
burocrático dos professores e das secretarias abarrotadas de gente seriam
economizadas. A instalação de câmeras em pontos estratégicos também poderiam reduzir
a necessidade de inspetores além de melhorarem a qualidade do serviço . A utilização
de lousas digitais agilizariam o processo de apresentação dos conteúdos ,facilitariam
a aprendizagem e eliminariam as improdutivas aulas de reforço realizadas nos
refeitórios e nos pátios por falta de salas.
Com relação a defasagem tecnológica, talvez também valha a
pena comentar que as salas de informática instaladas nas escolas já há alguns
anos não ajudam em quase nada na aprendizagem. Primeiro, porque muitas delas
não funcionam por falta de manutenção, e também em virtude do despreparo dos
professores para o seu uso. A verdade é que ao contrário da indústria na qual
os conhecimentos de informática são indispensáveis, na escola pouquíssimos
professores sabem operar computadores.
Focando as Relações Humanas, embora devesse ser a escola o
principal centro de referência, gerando padrões de conduta para a sociedade, o
que se vê são políticas antigas e inadequadas
a realidade atual . Em vez de fortalecer as relações pessoais baseadas na
inteligência emocional e no trabalho de equipe ,o que se vê é um individualismo
exagerado em que cada um quer fazer da sua maneira, não havendo interação entre
as pessoas e nem se acatando sugestões de melhoria dos métodos. Assim sendo,
não ocorre a formação de um time coeso e
produtivo. O que se vê são condutas protecionistas de acordo com as “panelas”
formadas por grupos que vão surgindo naturalmente de acordo com as semelhanças
de caráter. Isso prevalece inclusive nas atribuições de aulas pelos diretores.
Sei que os defensores dos métodos atuais hão de dizer que
hoje os alunos têm liberdade e que o professor não é mais o ditador autoritário
de antes. Concordo com isso e que de fato a democracia é melhor que a ditadura,
porém ainda faltam controles e parâmetros de conduta para todos os envolvidos .
A verdade é que cada um faz do jeito que quer.
Enquanto na Gestão Moderna das Empresas, se multiplicam e
sofisticam cada vez mais os Sistemas de Qualidade com métodos simples, enxutos
e organizados que garantem a qualidade dos produtos ou serviços, na escola
estes não existem. A abordagem dos problemas é quase sempre errônea, sem
investigação das causas. Com isso as soluções não passam de “eliminação de
incêndio”, e com certeza eles voltarão a acontecer. Faltam ações corretivas e
preventivas para que os problemas não mais ocorram. Cabe salientar que isto é
válido para tudo que envolve a escola: a disciplina dos alunos, a conduta dos
professores e funcionários a manutenção
dos equipamentos etc . A “gambiarra” impera na escola.
Completando esta análise comparativa vamos falar dos
conteúdos dos currículos, daquilo que se ensina na escola. Também existe uma
distância grande entre o que a escola passa e o que de fato se utiliza na vida
prática. Nas aulas de matemática, por exemplo, se aprende sobre tabelas
logarítimas e leis trigonométricas, porém ninguém sai da escola sabendo controlar
os próprios gastos. O brasileiro médio não sabe poupar e nem mesmo gastar menos
do que ganha. Vive endividado, com o saldo do cartão de crédito, do cheque
especial ou da conta da mercearia sempre estourado. Nas aulas de geografia ele
aprende sobre os continentes, porém mal sabe consultar um mapa ou seguir um
guia. Nas aulas de língua portuguesa aprendem sobre literatura clássica porém poucos
conseguem identificar as características meramente comercias das novelas da
televisão . Enfim falta ao conteúdo ensinado na escola uma equiparação ao
sistema de vida atual em que a tecnologia e a comunicação imperam.
Assim sendo, resta-nos concluir que é necessária uma
revolução geral na educação. Um choque de modernidade nas instalações, nos
sistemas e principalmente nas pessoas que
trabalham nesse meio. É preciso
sair do meio comum e interagir com os outros setores e com as comunidades
internacionais, mesmo porque na educação perdemos até mesmo apara nossos
vizinhos sul-americanos. Enfim está na hora de sair dessa toca.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
ZÉ CAVALCANTE -ESTÓRIAS DO MEU IRMÃO
![]() |
Zé Cavalcante-foto anos 70 |
José Ferreira Cavalcante era meu irmão. Era dois anos mais
velho que eu, porém crescemos juntos e
frequentamos a mesma escola até os 11 anos. Nesta idade em que completamos a 4ª
série do primário, ele quis parar de estudar. Naquela época em Tapiraí, só
havia o grupo escolar no qual se completava no máximo a 4ª série, e a educação
se divida em Primário, Ginásio, Colegial e Superior. Portanto,
quem quisesse cursar o ginásio tinha que viajar a Piedade todos os dias.
E naquela época não havia nenhuma ajuda governamental para isto. Eram os pais
que tinham que arcar com as despesas de transporte, numa estrada de terra e mal
conservada, em que se levava 90 minutos para percorrer os 38 km. Pior que isto,
as escolas não ofereciam merenda, e tínhamos que levar dinheiro para o lanche.
Assim, naquela época só os mais abastados estudavam além do primário. Apesar da
disponibilidade de meu pai em bancar nossos estudos, o Zé, que era como
chamávamos meu irmão, não quis continuar estudando. Então passei a estudar
sozinho em Piedade enquanto ele permanecia
em Tapiraí, ajudando no comércio e nos trabalhos do sítio, onde criávamos gado.
Somente uns 5 anos mais tarde, quando instalou-se em tapiraí o curso ginasial, foi que ele resolveu frequentá-lo concluindo além
deste o colegial.
Pois bem, o Zé sempre foi um cara inteligente, que obtinha
boas notas na escola, porém tinha uma personalidade
voltada para o comodismo, sem muita gana de lutar , o que acabava
colocando-o em situações de grande aperto.. Assim contentava-se com uma vida
simples, sem muita responsabilidade e com poucos olhos para as consequências da
sua falta de atitudes. Assim sua vida foi pautada por acontecimentos que
flutuaram entre a comédia e o drama, sempre ligados a sua falta de cuidados.
São algumas destas estórias que eu quero aqui contar-lhes.
De certa feita, o Zé resolveu montar um time de futebol .
Para tanto convidou alguns amigos e sem qualquer treino ou providência maior o
time estava formado. Marcou-se então o primeiro jogo amistoso para a cidade de
Juquiá, para onde rumaram os atletas, alguns de caminhão e outros no carro do
Zé que era um Maverick verde . Pois bem , tudo corria bem até o momento da
volta. Ai, o caminhão seguiu na frente e o Zé saiu um pouco mais tarde. Durante
o percurso, furou um pneu do Maverick. Quando foram trocá-lo perceberam que o estepe
também estava furado. Só então o Zé
lembrou-se que havia esquecido de mandar
consertá-lo. Precisaram amanhecer na estrada, até que conseguissem uma carona
na segunda-feira...
Mas este mesmo
Maverick , foi o astro de outros acontecimentos. De certa feita quando
percorria o “descidão” do Turvo, a tampa do capô se abriu e tapou a visão d o
Zé que perdeu o controle do veículo que chocou-se contra o barranco.
Depois do Maverick ,
o carro do Zé foi um VW TL azul. Deste me lembro que , de certa feita, o Zé voltava
de uma viagem a praia , quando furou um dos pneus. Na época o Zé gozava de prestígio junto a mulherada, e o carro estava
lotado de garotas. Ele era o único homem. Prontamente o Zé se pôs na tarefa de
tentar trocar o pneu, porém não conseguia nunca posicionar o macaco. Foram
infinitas tentativas, até que um pedestre passasse pela estrada e indicasse que ele estava tentando posicionar o macaco de
ponta-cabeça...Este mesmo TL foi
destruído após um choque com os trilhos de uma estrada de ferro em Sorocaba,
quando o Zé tentava ensinar uma namorada à dirigir.
Além do Maverick e do TL, o Zé foi dono de um Opala amarelo,
o qual teve os 4 pneus roubados numa madrugada em que ele largou o carro na
estrada porque quebrou.
Um pouco mais velho, já casado, o Zé prestou concurso
público na polícia civil e foi trabalhar de carcereiro na cadeia de Piedade.
Tornou-se muito querido pelos presos, mesmo porque foi no seu período de
trabalho que ocorreram ali as maiores fugas. Provavelmente por alguns descuidos do Zé.
Mas a estória do Zé teve um trágico fim. Morreu aso 50 anos,
com dois tiros nas costas. A polícia até hoje não esclareceu o crime e ninguém
foi punido por isto. Mais um descuido na trajetória da vida do meu irmão Zé.
Resta contar um último detalhe : o Zé nunca tirou carteira
de motorista.
terça-feira, 7 de maio de 2013
AS 10 TECNOLOGIAS QUE MUDARÃO O MUNDO
Existem pelo menos dez tendências tecnológicas que mudarão o
cenário mundial , ajudando a alcançar um crescimento sustentável nas próximas
décadas. A conclusão foi feita pelo Fórum Econômico Mundial e inclui os
seguintes itens:
1º ) VEÍCULOS ELÉTRICOS ONLINE (OLEV)
Com o desenvolvimento da corrente elétrica sem fios, estes
veículos serão capazes de funcionar com uma bateria com um quinto da capacidade
da bateria de um carro atual. Além disso, conjuntos de bobinas de captação sob o assoalho do
veículo, receberão a energia remotamente, através de um campo eletromagnético
de transmissão gerados por cabos instalados sob a estrada.
2º) IMPRESSÃO 3-D DE OBJETOS –FABRICAÇÃO REMOTA OU ADITIVA
Produtos criados em computador são transformados em modelos
de impressão, para reproduções reais feitas de plásticos, ligas leves ou outros
materiais. Esta técnica promete ser a quarta revolução industrial, trazendo a
era das máquinas livres.
3º) SENSORIAMENTO REMOTO
Na saúde, o desenvolvimento de sensores remotos , permitirão
o monitoramento contínuo do corpo humano (frequência cardíaca, oxigenação do
sangue, níveis de açúcar no sangue, etc) e , se necessário podem desencadear
uma resposta médica como o fornecimento de insulina.
No trânsito , a comunicação veículo a veículo melhorará a
segurança nas ruas e estradas.
4º) PURIFICAÇÃO E DESSANILIZAÇÃO DA ÁGUA DO MAR
Tecnologias emergentes oferecem o potencial de
dessalinização e purificação da água do mar, que é uma fonte inesgotável deste
líquido, imprescindível a sobrevivência humana. Estas tecnologias são mais
eficientes em termos de energia, reduzindo o consumo em 50% ou mais, permitindo
que o processo de osmose reversa seja viabilizado economicamente.
5º) CONVERSÃO E USO DO GÁS CARBÔNICO
A transformação dos resíduos de dióxido de carbono (CO2 ) em
combustíveis líquidos ou produtos químicos de baixo custo, pode resolver uma
das principais limitações ambientais dos combustíveis gerados a partir de
matéria primas agrícolas, ou de algas, podendo fornecer combustíveis de baixo
teor de carbono para automóveis , aviões ou outros grandes usuários de
combustíveis líquidos.
Para isto estão sendo desenvolvidas bactérias fotossintéticas
geneticamente modificadas.
6º) MATERIAIS QUE CURAM-SE SOZINHOS
Materiais que se consertam sozinhos podem reparar danos sem intervenção
humana externa, o que poderá dar uma vida mais longa aos bens manufaturados e
reduzir a demanda por matérias primas.
Outro potencial é o de melhorar a segurança na construção
civil , carros e aviões, com materiais auto cicatrizantes. A tecnologia
consiste na criação de materiais não vivos que têm a capacidade de recuperar-se
quando cortados, rasgados ou quebrados, o que ocorre naturalmente nos
organismos vivos.
7º) NUTRIÇÃO EM NÍVEL MOLECULAR
A produção em larga escala de proteínas alimentares puras
para o ser humano, pode oferecer benefícios à saúde, como melhor desenvolvimento muscular , gestão
do diabetes e redução da obesidade. Isto será possível com a biotecnologia para
nutrição molecular, que permite produzir proteínas com uma maior quantidade de
aminoácidos essenciais, com melhores características nutricionais.
8º) APLICAÇÃO PRECISA DE MEDICAMENTOS
Esta tecnologia permitirá que os remédios sejam aplicados
com precisão em nível molecular, no interior ou em torno de uma célula doente,
com tratamentos mais eficazes e reduzindo os efeitos colaterais indesejados.
Para isto é utilizada a Engenharia em nano- escala, com produção
de nano- partículas funcionalizadas que aderem ao tecido doente, permitindo a aplicação
em microescala de potentes componentes terapêuticos .
Cientistas mais
ousados trabalham com a possibilidade de que nano-fábricas produzam
medicamentos dentro do próprio corpo humano.
9º ) ELETRÔNICA ORGÂNICA
A Eletrônica Orgânica, baseia-se na utilização de materiais
orgânicos para criar circuitos e dispositivos eletrônicos, substituindo o
silício que têm alto custo.
Isto tornará os produtos extremamente baratos, comparados
com os dispositivos eletrônicos tradicionais.
10º ) ENERGIA NUCLEAR COM REDUÇÃO DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS
O desenvolvimento de reatores nucleares de quarta geração,
rápidos resfriados por metal líquido ,
permitirão uma melhor utilização do urânio que é o combustível utilizado
(atualmente utiliza-se apenas 1% da energia potencial disponível ,gerando uma
enorme quantidade de lixo radioativo). Com isto a vida útil dos volumes de
urânio minerado, aumentarão em séculos,
reduzindo drasticamente o volume e a toxidade do lixo nuclear, cuja
radioatividade vai cair abaixo do minério original.
FONTE: Agência FAPESP
segunda-feira, 6 de maio de 2013
A AGRICULTURA FAMILIAR COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DE TAPIRAÍ
casa da agricultura de Tapiraí-abandonada |
Nos últimos dias temos falado muito da estagnação e falta de
desenvolvimento que vem atingindo Tapiraí ,com falta de empregos, o que tem
causado o êxodo dos nossos jovens, com conseqüente redução da população e todas
as conseqüências advindas disso. Nesse panorama, além do Ecoturismo que parece
ser uma boa alternativa, vejo o fomento da Agricultura Familiar como um outro
caminho a ser trilhado.
A Agricultura Familiar é o cultivo da terra realizado por
pequenos proprietários rurais, com mão
de obra essencialmente familiar. Hoje esta atividade é a principal responsável
pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da
população brasileira, é o que realmente chega à nossa mesa.
O Governo Federal através do PRONAF-Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar ,
financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores
familiares . Por outro lado a lei 11947 de 2009, nova portanto , obriga as
prefeituras a adquirirem pelo menos 30 % dos produtos destinados a merenda escolar de
Pequenos Produtores, o que já foi implantado em muitas prefeituras do estado.
Agricultores de Piedade já vem se beneficiando disso fornecendo para prefeituras
de grandes cidades da região metropolitana de São Paulo.
Mas o que falta para que isto aconteça em Tapiraí, é a parte
que cabe a Prefeitura local. Ela deveria utilizar os dois engenheiros agrônomos
que são seus funcionários para fomentar a atividade, fornecendo Assistência
Técnica e Extensão Rural e assessorando os agricultores na formação de
associações e cooperativas. Faz-se necessário um trabalho de educação não
formal continuada, que ensine Processos de Gestão, Produção, Beneficiamento e
Comercialização das atividades e serviços agropecuários e artesanais.
Na região dos Góes, Rio Bonito e Garcias, antigamente havia
uma vasta produção agrícola que aos poucos foi sumindo diante da falta de apoio
e assessoria. Acrediamos que faz-se necessário que se arregacem as mangas e se
vá a luta no sentido de fixar o homem a
terra e dela tirar o seu sustento de uma forma digna, rentável e honesta. Fica
aí o recado as pessaos que estão no poder.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
DONA JOVINA E O BOIADEIRO
Dona Jovina em fotografia de 1990 |
Dona Jovina Ferreira Magalhães, minha mãe nasceu no Ceará e
veio para Tapiraí no inicio dos anos 40, com meu pai e mais 3 filhos pequenos.
A viagem durou mais de um mês e foi feita sobre a carroceria de caminhão
(pau-de-arara), e em certo trecho pelo Rio São Francisco por uma embarcação
rude e insegura. Vieram para Tapiraí porque aqui já morava a família de um
parente , o Zé Ribeiro. Foram morar no bairro da Água Doce, primeiro na estrada que dá acesso ao
Alecrim e depois a beira da rodovia, um quilometro além de onde até hoje mora a
Bruna e o CIdo. Viveu na Agua Doce até 1968, quando meu pai adquiriu um Armazém
em Tapiraí e nos mudamos para a cidade. Já éramos então 11 filhos.
Do Boiadeiro, não
sei o nome. Ele apareceu em Tapiraí no início dos anos 80. Segundo se
comentava ele era funcionário de um circo que se armou por aqui e conheceu uma
tapiraiense pela qual se apaixonou . Quando o circo foi-se embora, resolveu
ficar por aqui. Por algum tempo viveu com a moça , porém com a bebedeira e a
vida boêmia, acabou sozinho, sem parentes e sem ninguém e virou um morador de
rua de Tapiraí. Dormia em um barraco nos fundos de onde hoje é o Centro
Cultural. Nessa época minha mãe já estava
com os filhos criados e sem meu pai que infelizmente faleceu muito novo. Minha
mãe morava nos fundos do Armazém agora tocado pelos meus irmãosi (em frente ao
posto Aoki).
Eis que num belo dia o Boiadeiro, bateu a porta de minha mãe
e pediu um prato de comida. Minha mãe prontamente lhe serviu. Ele sentou-se a
beira da casa em um banco de madeira e ali almoçou. Daquele dia em diante,
virou “freguês” assíduo de minha mãe. Virava e mexia La estava ele a janela de
minha mãe pedindo um prato de comida, que minha mãe jamais negou.
Em 1991, minha mãe faleceu aos 77 anos. O Boiadeiro nesta
época devia ter uns 40 anos. Estávamos todos tristes com a morte de minha mãe,
porém conformados diante do fato de ela ter vivido de uma forma feliz a sua
maneira, criando seus filhos e sendo
sempre amável , calma e muito religiosa, sem nunca discutir com ninguém.
Mas eis que chega ao velório de minha mãe o Boiadeiro em prantos...,
aproximou-se do esquife e pronunciou as seguintes palavras em voz trêmula: “ E
agora..., quem é que vai me dar um prato de comida?”.
A cena comoveu a todos os presentes. Passados alguns anos, o
Boiadeiro morreu atropelado por um veículo na madrugada de Tapiraí . Ninguém
viu qual era o caminhão e nem quem era o motorista.Talvez pela humildade da
pessoa do Boiadeiro, e por estar sempre bêbado, nem sequer se investigou quem
foi o assassino.
Estou narrando esta estória, porque ela faz parte da minha
vida . O episódio do velório da minha mãe foi como que uma encomenda do além
para nos mostrar o quanto minha mãe , na simplicidade do seu gesto tinha a
ensinar a nós todos , seus filhos , netos e bisnetos.
Que todos tenham um velório como o de minha mãe!
segunda-feira, 29 de abril de 2013
TAPIRAÍ E A COLÔNIA JAPONESA
![]() |
Imagem de Tapiraí da década de 1970 |
Não sei bem como a história começou porque só a presenciei a partir do final da
década de 1960 e não tive acesso a qualquer documento sobre o tema se é que
eles existem, porém é sempre importante registrar o que se sabe e contribuir
para a memória da cidade.
No final da década de 1960, era muito grande a quantidade de
famílias de japoneses e descendentes que moravam no município de Tapiraí.
Algumas no bairro do chá, que recebeu este nome exatamente por causa do cultivo
intenso da erva-mate naquela região. Os
japoneses eram os principais envolvidos. Filiados a Cooperativa Agrícola de
Cotia, cultivavam a erva , cujos brotos eram colhidos e processados em uma
fábrica instalada no bairro, cujo prédio existe até hoje.
Além da Cooperativa Agrícola de Cotia, havia na cidade um
núcleo filiado a Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, também com origem de descendentes nipônicos , esta mais
ligada ao cultivo de hortaliças. Seus filiados residiam nos bairros
Juquiazinho, Fazenda Velha e Turvo.
Com um grande contigente de japoneses e descendentes ,
Tapiraí era uma cidade com grande influênica nipônica. Havia o clube japonês ,
então denominado Associação Cultural e Esportiva Tapiraí (que existe até hoje)
, onde aconteciam aulas de japonês e atividades esportivas ligadas ao judô, vôlei,
tênis de mesa , futebol etc.
Nos finais de semana havia a exibição de filmes japoneses
legendados. As famílias vinham para a cidade em seus tratores que puxavam
carretas com homens , mulheres e crianças, que instalavam-se sob o tatame e consumiam comidas e bebidas típicas durante
as seções de cinema. Porém o acesso não era apenas aos descendentes. Todos
podiam assistir e eu era uma das crianças que não perdia nenhum dos filmes.
Eram filmes de Samurai, com estórias baseadas em lendas japonesas, de difícil compreensão
para nós, não descendentes, porém eu via um encanto extraordinário em ir ao
cinema e ver aquela tecnologia, até então quase desconhecida por aqui. Cabe
lembrar que nesta época não existiam televisores instalados em Tapiraí, mesmo porque eles não pegavam. O
único show de imagens possível era portanto o cinema japonês. Mas além dos
filmes, a colônia japonesa promovia festivais de Karaokê, de danças típicas e
festas esportivas como campeonatos de futebol, vôlei e tênis de mesa. Uma vez
por ano havia uma grande festa chamada de Undokai , que era uma grande gincana
com múltiplas competições envolvendo pessoas de todas as idades.
Foi uma época interessante e propulsora par Tapiraí,
liderada pela colônia japonesa. Porém a falência das cooperativas e a crise
agrícola dos anos 1980, acabaram por diminuir a influência japonesa, com muitos
dos descendentes das famílias retornado ao Japão ou mudando-se para as cidades
grandes, reduzindo substancialmente a população de descendentes de japoneses no município.
Vale lembrar que Tapiraí teve dois prefeitos
e vários vice-prefeitos de descendência nipônica exatamente em função da
grande quantidade de eleitores de origem japonesa que existiam por aqui.
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