Imagem de Tapiraí da década de 1970 |
Não sei bem como a história começou porque só a presenciei a partir do final da
década de 1960 e não tive acesso a qualquer documento sobre o tema se é que
eles existem, porém é sempre importante registrar o que se sabe e contribuir
para a memória da cidade.
No final da década de 1960, era muito grande a quantidade de
famílias de japoneses e descendentes que moravam no município de Tapiraí.
Algumas no bairro do chá, que recebeu este nome exatamente por causa do cultivo
intenso da erva-mate naquela região. Os
japoneses eram os principais envolvidos. Filiados a Cooperativa Agrícola de
Cotia, cultivavam a erva , cujos brotos eram colhidos e processados em uma
fábrica instalada no bairro, cujo prédio existe até hoje.
Além da Cooperativa Agrícola de Cotia, havia na cidade um
núcleo filiado a Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, também com origem de descendentes nipônicos , esta mais
ligada ao cultivo de hortaliças. Seus filiados residiam nos bairros
Juquiazinho, Fazenda Velha e Turvo.
Com um grande contigente de japoneses e descendentes ,
Tapiraí era uma cidade com grande influênica nipônica. Havia o clube japonês ,
então denominado Associação Cultural e Esportiva Tapiraí (que existe até hoje)
, onde aconteciam aulas de japonês e atividades esportivas ligadas ao judô, vôlei,
tênis de mesa , futebol etc.
Nos finais de semana havia a exibição de filmes japoneses
legendados. As famílias vinham para a cidade em seus tratores que puxavam
carretas com homens , mulheres e crianças, que instalavam-se sob o tatame e consumiam comidas e bebidas típicas durante
as seções de cinema. Porém o acesso não era apenas aos descendentes. Todos
podiam assistir e eu era uma das crianças que não perdia nenhum dos filmes.
Eram filmes de Samurai, com estórias baseadas em lendas japonesas, de difícil compreensão
para nós, não descendentes, porém eu via um encanto extraordinário em ir ao
cinema e ver aquela tecnologia, até então quase desconhecida por aqui. Cabe
lembrar que nesta época não existiam televisores instalados em Tapiraí, mesmo porque eles não pegavam. O
único show de imagens possível era portanto o cinema japonês. Mas além dos
filmes, a colônia japonesa promovia festivais de Karaokê, de danças típicas e
festas esportivas como campeonatos de futebol, vôlei e tênis de mesa. Uma vez
por ano havia uma grande festa chamada de Undokai , que era uma grande gincana
com múltiplas competições envolvendo pessoas de todas as idades.
Foi uma época interessante e propulsora par Tapiraí,
liderada pela colônia japonesa. Porém a falência das cooperativas e a crise
agrícola dos anos 1980, acabaram por diminuir a influência japonesa, com muitos
dos descendentes das famílias retornado ao Japão ou mudando-se para as cidades
grandes, reduzindo substancialmente a população de descendentes de japoneses no município.
Vale lembrar que Tapiraí teve dois prefeitos
e vários vice-prefeitos de descendência nipônica exatamente em função da
grande quantidade de eleitores de origem japonesa que existiam por aqui.
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