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sábado, 1 de junho de 2013

ESTÓRIA BONITA DE CIDADE PEQUENA

Desde que voltei a morar em cidade pequena, tenho visto estórias bonitas e feias por aqui. Algumas merecem registro. E esta é bonita e recente.
O velho Tibagir todo dia ia buscar pão. Antes do supermercado abrir, ele já caminhava com dificuldades com sua bengalinha, atravessava a avenida que também é rodovia e seguia pela ruazinha que beira o riacho. Passava pelas escolas em meio a criançada e ficava em pé ao lado da igreja, lateralmente ao supermercado. Ali ele esperava o Chiquinho ou o César chegar e abrir o supermercado. Então dirigia-se suavemente pela rampa e aguardava que as moças lhe trouxessem os pães. Religiosamente, chovesse, garoasse ou com sol  , isto acontecia.
Por aqui ainda se compra fiado. E não é fiado com cartão de crédito, nem cheque pré-datado, nem boleto bancário. É fiado daquele marcado no caderninho, cuja garantia única é a confiança. E inacreditavelmente não se perde muito. As pessoas em sua grande maioria pagam religiosamente suas contas . E o velho Tibagir era assim.
Mas na última semana a cena não se repetiu. O velho Tibagir não mais apareceu. A triste notícia deu conta de que ele faleceu em Curitiba após uma longa viagem para assistir um casamento. Diante do fato ,alguns comentaram : a última aposentadoria deveria ser recebida por alguém para quitar as contas. Mas diante do comentário a resposta do Chiquinho foi breve: “a conta dele já foi quitada...não recebo contas de quem já morreu...é uma lição antiga que aprendi com meu avô.” . E os olhos se encheram de lágrimas....
Isto contado pela minha mulher também emocionada,  me fez chorar...Talvez porque o avô do Chiquinho era meu pai que morreu antes mesmo dele nascer...

As lições do meu pai ficaram, e as estórias bonitas ainda acontecem por aqui. A vida é mesmo bela!

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