Ao longo de toda a minha vida tenho visto pessoas que se acham superiores à outras, em função da religião pela qual optaram. Vangloriam-se do próprio caráter dizendo que a sua fé é a única verdadeira e soberana e por isso mesmo quem acredita como ele é mais digno e honesto. Complementando, consideram que são privilegiados, diferenciados e merecedores de todas as benevolências de Deus.
Acho que esta posição, merece reflexão, na medida em que está carregada de preconceito e orgulho, qualidade que as próprias religiões condenam. Considero que as qualidades de caráter quase nunca são reflexo de religião. È um conjunto de valores advindo do meio em que a pessoa vive, e da própria genética que definiu propriedades características do seu cérebro. Assim sendo conheço pessoas extremamente religiosas e más e pessoas maravilhosas que não praticam religião nenhuma. Como exemplo disso podemos comparar Charles Chaplin , uma das pessoas que mais trouxe alegria ao mundo com Adolf Hitler. O primeiro era ateu e o segundo extremamente religioso. Mais recentemente , tivemos os episódios estrelados por terroristas árabes fanáticos , impulsionados pela fé religiosa agregada a ignorância.
Também não vejo nas religiões uma fonte extrema de privilégios. Acontecem episódios bons e ruins , tanto com pessoas religiosas, como sem religião. Não vejo vantagem nenhuma em ter passado por situações extremas e difíceis e ter sido salva por Deus. Prefiro não tê-las enfrentado ou tê-las resolvido de forma satisfatória usando de bom senso, inteligência e honestidade comigo mesmo.
Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.
No Brasil, um país laico, a intolerância pode aparecer nas situações mais improváveis. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais Vera Lucia Menezes de Oliveira e Paiva perdeu um filho de dois anos, atropelado. Diante do sofrimento da família no velório da criança, Vera escutou uma frase que a deixou bastante magoada. “Uma amiga me disse: ‘Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé?’. Isso apenas reforçou minha convicção de que eu não queria acreditar em nenhum deus que pudesse levar o meu filho inocente”, revela.
Apesar de não ser tão enfático, Zuckerman admite que em alguns lugares do mundo o ateísmo não é mais visto como algo depreciativo. “Em muitas sociedades, como no Canadá e na Suíça, ser ateu não tem nada de mais. A Austrália, por exemplo, tem um primeiro-ministro ateu. Cada país tem uma dinâmica diferente.”
O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), admite que muitas pessoas ainda têm dificuldade em enxergar a possibilidade de uma vida sem um deus. “Muitos associam moral pública à religião. Isso também é um absurdo. Pessoas matam umas as outras acreditando ou não em deus. O que acontece é que muitos ateus ficam alardeando coisas assim, mas acho que hoje o cenário já é bem diferente. Sofrer preconceito ficou chique”, afirma.
Assim sendo , considero que cada um tem a sua maneira de ser feliz e deve respeitar a forma do outro assim também o ser. Mesmo porque se há um Deus ele tende a ser muito mais misericordioso do que vingativo.
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