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domingo, 17 de abril de 2011

O ENGRAÇADO ZÉ CORONHA


Talvez tenha sido a figura mais engraçada que já viveu em Tapiraí. Eu, pelo menos vi poucas pessoas tão  engraçadas como ele. Zé Coronha (José de Azevedo), morava numa casa de madeira no local onde hoje está a loja do Márcio Manzani. Era casado com Dona Antônia (grande cozinheira que trabalhava no restaurante do Zeca e ainda é viva) e pai de muitos  filhos (com certeza mais de dez) , alguns dos quais ainda vivem por aqui : Geraldo (açougueiro do Fio), Sônia e José Aleixo. Zé Coronha era um adulto com alma de criança. Brincava com a vida , levando-a sempre na brincadeira, que de tão séria para ele virava realidade. Assim era que ele assumia múltiplas personalidades. Havia dias em que dizia-se médico . Se vestia de branco e andava pelo comércio local atribuindo receitas a quem encontrava pela frente. Examinava as pessoas e depois tirava da pasta com a qual andava, múltiplas raízes e ervas que as entregava . Tudo sem nenhum fundo de lógica ou ciência. Era pura diversão. Em outros dias se auto-nomeava policial de transito. Vestia sua farda composta de quepe e camisa de ombreiras  e posicionava-se em uma  esquina, em posições  engraçadas a sinalizar para os carros que passavam. Mas mais engraçado ainda era quando assumia o posto de soldado do exército. A farda era a mesma, mas nesses dias ele desfilava pela avenida assungui (hoje Natan chaves) em  marcha militar cantando o Hino da Força Expedicionária Barasileira ; “por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra, sem que voltes para La....”. Fazia continência a quem encontrava pela frente. Zé Coronha dizia-se amigo de muita gente famosa e era afilhado (não sei se de batismo,crisma ou casamento) do prefeito da época Anthemo Victório Pilan. De certa feita, Anthemo tirou férias e viajou para Santa Catarina com a família. Zé Coronha então assumiu nas suas fantasias a prefeitura local. Falava a todos: “o padrinho deu ordens para não deixar funcionário nenhum a toa..”.e bravejava para deleite de quem via. Havia ainda o Zá Coronha cantor que saia com uma violinha, e o Zé Coronha vendedor que saia de pasta , paletó e gravata.
Sem nenhuma maldade ou quesito  de proveito, Zé Coronha, na sua humilde figura, baixinho e camarada foi simplesmente alguém que esqueceu de crescer e prolongou sua infância por toda a vida. Talvez pela dificuldade que a vida real oferecia.

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