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quinta-feira, 19 de abril de 2012

A SIDERURGIA EM MINHA VIDA


Trabalhei em indústrias por mais de 20 anos, e o segmento industrial no qual mais trabalhei foi a Siderurgia. Foram aproximadamente 16 anos, treze dos quais na Aços Ipanema Villares S/A de Sorocaba (foto ao lado) e três na Dedini S/A Siderúrgica em Piracicaba. Estas empresas atualmente não existem mais com estes nomes , visto que foram incorporadas por outros grandes grupos, a primeira pelo Grupo Gerdau e a segundo por um grupo internacional de origem espanhola. Foram estas duas empresas grandes escolas em minha vida.
Explicando de forma breve, Siderúrgica é uma fábrica de aço. O aço talvez ainda seja a mais importante matéria prima industrial brasileira, embora tenha perdido muito espaço para aquelas derivadas de petróleo como plásticos e outros polímeros.  O aço é basicamente uma liga constituída de ferro e carbono de alta resistência utilizada principalmente na indústria mecânica e na construção civil. A Villares fabricava na época em que trabalhei lá, aços para a indústria mecânica, enquanto que a Dedini fabricava vergalhões destinados a construção civil.
As Siderúrgicas podem ser integradas ou não integradas. As integradas são aquelas que partem do minério de ferro para a obtenção do aço. Já as não integradas partem da sucata e as reprocessam para obtenção de aço. As duas nas quais trabalhei eram não integradas e a matéria prima principal era a sucata. Centenas de caminhões de sucata (ferro velho) acessavam todo dia o interior da empresa para descarga. Esta sucata era armazenada num enorme pátio e posteriormente classificada, pesada e carregada em fornos elétricos de arco voltaico, onde eram fundidas (transformadas em estado liquido) a cerca de 1600 graus Celsius de temperatura. Depois de fundida a sucata, eram retiradas amostras do banho para serem analisadas em laboratório e de acordo com a composição química, eram adicionados determinados elementos para correção. Dependendo da aplicação a ser feita pelo aço , era definida a composição química. Aços inoxidáveis, por exemplo, possuem altos teores de níquel e cromo que são elementos que evitam a corrosão.
Depois da fusão o aço passa pelo processo de lingotamento, laminação ou forjamento e as vezes trefilação, chegando-se aos perfis e bitolas que se compra no mercado.
Esta é apenas uma breve descrição do processo, visto que existem milhares de detalhes técnicos num processo industrial significativo como este. Os anos trabalhados em Siderurgia foram fabulosos para mim e me permitiram descobrir a grandiosidade da ciência e da tecnologia que envolve todos os processos de produção industrial. Foi ali que descobri que o mundo do conhecimento é infinito e não tem fronteiras.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Quase 70% dos brasileiros sem educação profissional não querem estudar

Nada menos do que 69% dos brasileiros com mais de 10 anos e sem educação profissional não quer incrementar o currículo. A falta de interesse é o motivo número um para a evasão escolar. Especialistas no tema apontam que falta atratividade e não oferta de cursos. Mas será que isso significa que o brasileiro não quer estudar?
Segundo Marcelo Neri, economista da Fundação Getulio Vargas e coordenador da pesquisa que revelou esse índice (As Razões da Educação Profissional: Olhar da Demanda), “os brasileiros estão interessados”. Ele aponta para uma coincidência entre três cenários: crescimento da nova classe média, aumento de trabalhadores com carteira assinada e maior número de alunos no ensino profissionalizante. Ou seja, as pessoas estão trabalhando e estudando ao mesmo tempo. “O brasileiro está passando por uma transformação”, afirma Neri.

Porém, ainda há muitos que estão fora da escola e não têm interesse nenhum nela. Foi o que aconteceu com a vendedora, Mariana Cosmo, de 22 anos, que trabalha numa loja de roupas infantis no Brás. “Muitas pessoas saem da escola e vão direto para um curso técnico, ou para uma faculdade... eu não fiz nada disso. Pulei tudo para trabalhar.” Ela completou o ensino médio, mas a escola não conseguiu manter seu interesse. Mariana já trabalhava desde os 11 anos e “o dinheiro falou mais alto”. Agora, ela pensa em fazer um curso profissionalizante.
Para Neri, é preciso ganhar o coração de jovens como Mariana. “Cerca de 6 milhões de pessoas fazem nível superior técnico, mas e os que não aderiram? É aí que temos que atacar”. Entre os desafios estão a falta de renda, a ausência de cursos em algumas localidades, a qualidade do ensino brasileiro, mas principalmente, a baixa adesão e a evasão escolar.
Além disso, “o curso profissionalizante ainda é visto como alternativo, de segunda categoria”, afirma o professor. Talvez estes empecilhos expliquem porque 69% daqueles sem educação profissional não têm interesse nos cursos oferecidos. “É preciso educar sobre o valor da educação”, completa.
O que a maioria dos jovens não sabe é que o retorno da educação profissional é bastante alto. Quem concluiu um curso profissionalizante chega a ganhar 14% mais do que outros trabalhadores sem essa formação, são cerca de 4 anos de melhoria salarial.
Mariana descobriu isso quando entrou no mercado de trabalho. “Eu senti que precisava fazer alguma coisa. Antes, eu só queria trabalhar. Na minha cabeça se eu batalhasse bastante não ia precisar de curso ou faculdade. Mas, na hora que entrei no mercado, percebi que sem um curso você não é nada”, diz. “Eu vi que no ensino técnico você já sai encaminhado para alguma coisa. Muitas empresas ficam de olho, e já dá para começar com um bom salário”, completa.
Para Neri, o mercado está dizendo que falta gente especializada, e os jovens não sabem disso. “Cerca de 70% dos que concluíram seus cursos trabalham na área de formação. Se não atuam na área do curso escolhido é porque surgiu outra oportunidade”, diz. Além disso, o professor explica que apenas 8% das pessoas que aderem a um curso desistem no meio do caminho. “Esse número é relativamente pequeno. É por isso que para a formulação de políticas públicas, é preciso debruçar-se sobre a questão das adesões.”