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quinta-feira, 30 de maio de 2013

A FALTA DE QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA ESTÁ MATANDO A INDÚSTRIA BRASILEIRA

O noticiário econômico mostra notícias nada interessantes. O crescimento do país nos primeiros meses do ano esteve bem abaixo da expectativa e isto significa que não estamos gerando os empregos necessários para absorver a mão de obra gerada pelos jovens que entram no mercado de trabalho.
A principal causa disso é a baixa competitividade do país a nível internacional, quesito na qual  vem perdendo terreno ano a ano. Competitividade é a capacidade que o país tem de oferecer produtos e serviços com qualidade e preço, num mercado altamente competitivo. A competitividade brasileira é baixa pelo excesso de impostos,pela falta de infraestrutura e principalmente pela falta de produtividade na indústria.
A baixa produtividade da nossa mão de obra acaba por onerar significativamente o custo dos produtos tornando-os muito caros e dificultando a sua comercialização. Nem a nível interno conseguimos competir com os produtos chineses e coreanos que chegam ao país a preços absurdamente menores do que os fabricados aqui. Esta baixa produtividade é causada principalmente pela má formação do trabalhador brasileiro que precisa ser capacitado dentro da própria indústria, visto que as escolas técnicas e universidade não conseguem formar a quantidade de pessoas necessárias para move-la.
Diante disso,  fica evidente a necessidade de melhoria da educação num prazo imediato, o que é substancialmente dificultoso numa estrutura educacional enferrujada e desmotivada pelos baixos salários dos professores.

Neste cenário, resta-nos arregaçar a mangas e oferecer o  que pudermos em prol de uma educação técnica mais eficiente e dinâmica. Nossas experiências precisam ser transferidas ao jovens para torná-los capacitados.

domingo, 26 de maio de 2013

A ESCOLA PÚBLICA PAROU NO TEMPO

                                                                                                                 
Trabalhei quase trinta anos em indústrias e agora estou professor. Digo estou porque o verbo  ” ser” dá uma idéia de longo prazo e na realidade meu contrato com a Secretaria Estadual da Educação só vai até 23 de dezembro. Depois disso não sei quais ventos me conduzirão e nem a qual destino.
Optei em transferir-me de um cenário de grandes transformações para um cenário a meu ver mais calmo e importante, embora mal remunerado, acreditando sinceramente que atuar no magistério pudesse contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas da região na qual nasci .
No entanto, algo gritante tem me chamado a atenção nessa nova atividade: a grande defasagem entre o tempo atual e o ponto em que se encontra a escola pública paulista. Isto pode ser visualizado comparando a escola pública paulista com a indústria, seja ela brasileira ou transnacional.
Tomaremos a situação apenas sobre alguns aspectos : Tecnologia, Relações Humanas, Sistema de Gestão e  Conteúdo .
Em termos de Tecnologia, a escola de hoje é quase a mesma de 30 anos atrás, senão vejamos. Ainda se usa giz , lousa e apagador. O controle de freqüência ainda é feito no Diário de Classe, o mesmo dos meus tempos de ginásio (tenho 54 anos de idade) , no qual o professor usa uma caneta e preenche cada quadradinho de uma folha quadriculada a cada aula para cada aluno. O controle de notas também continua da mesma forma, embora agora tenha alguns diferenciais: ninguém pode ser reprovado, pois isso significa menores bônus para  professores,coordenadores e diretores .Também existe agora um retrabalho de digitação para alimentar o sistema geral da secretaria estadual ,que de fato é o que vale (embora com infinitos erros gerados pela multiplicidade de meios geradores da mesma informação ) Cabe salientar que nos tempos remotos não havia bônus e só passava quem de fato tinha aprendido.
Na indústria de hoje os controles são todos informatizados. É cômico imaginar uma fábrica moderna controlando o ponto de seus funcionários manualmente e com todo o retrabalho que se vê na escola. Controle do professor,controle da secretaria, controle do sistema, controle do coordenador, etc...
Os conservadores de plantão hão de argumentar prontamente que faltam verbas para investir nas modernas tecnologias, o que não é verdade. O que na realidade falta é visão de quem administra estas verbas. A informatização de uma escola custaria muito pouco e se pagaria rapidamente . Imaginem uma roleta na entrada da escola, em que funcionários, alunos e professores passariam os seus crachás e automaticamente fossem registradas suas presenças, alimentando em tempo real,  os sistemas de informações, gerando as folhas de pagamento , os controles de freqüência dos alunos e muitas outras informações. Quantas horas de trabalho burocrático dos professores e das secretarias abarrotadas de gente seriam economizadas. A instalação de câmeras em pontos estratégicos também poderiam reduzir a necessidade de inspetores além de melhorarem a qualidade do serviço . A utilização de lousas digitais agilizariam o processo de apresentação dos conteúdos ,facilitariam a aprendizagem e eliminariam as improdutivas aulas de reforço realizadas nos refeitórios e nos pátios por falta de salas.
Com relação a defasagem tecnológica, talvez também valha a pena comentar que as salas de informática instaladas nas escolas já há alguns anos não ajudam em quase nada na aprendizagem. Primeiro, porque muitas delas não funcionam por falta de manutenção, e também em virtude do despreparo dos professores para o seu uso. A verdade é que ao contrário da indústria na qual os conhecimentos de informática são indispensáveis, na escola pouquíssimos professores sabem operar computadores.
Focando as Relações Humanas, embora devesse ser a escola o principal centro de referência, gerando padrões de conduta para a sociedade, o que se vê  são políticas antigas e inadequadas a realidade atual . Em vez de fortalecer as relações pessoais baseadas na inteligência emocional e no trabalho de equipe ,o que se vê é um individualismo exagerado em que cada um quer fazer da sua maneira, não havendo interação entre as pessoas e nem se acatando sugestões de melhoria dos métodos. Assim sendo, não  ocorre a formação de um time coeso e produtivo. O que se vê são condutas protecionistas de acordo com as “panelas” formadas por grupos que vão surgindo naturalmente de acordo com as semelhanças de caráter. Isso prevalece inclusive nas atribuições de aulas pelos diretores.
Sei que os defensores dos métodos atuais hão de dizer que hoje os alunos têm liberdade e que o professor não é mais o ditador autoritário de antes. Concordo com isso e que de fato a democracia é melhor que a ditadura, porém ainda faltam controles e parâmetros de conduta para todos os envolvidos . A verdade é que cada um faz do jeito que quer.
Enquanto na Gestão Moderna das Empresas, se multiplicam e sofisticam cada vez mais os Sistemas de Qualidade com métodos simples, enxutos e organizados que garantem a qualidade dos produtos ou serviços, na escola estes não existem. A abordagem dos problemas é quase sempre errônea, sem investigação das causas. Com isso as soluções não passam de “eliminação de incêndio”, e com certeza eles voltarão a acontecer. Faltam ações corretivas e preventivas para que os problemas não mais ocorram. Cabe salientar que isto é válido para tudo que envolve a escola: a disciplina dos alunos, a conduta dos professores e funcionários  a manutenção dos equipamentos etc . A “gambiarra” impera na escola.
Completando esta análise comparativa vamos falar dos conteúdos dos currículos, daquilo que se ensina na escola. Também existe uma distância grande entre o que a escola passa e o que de fato se utiliza na vida prática. Nas aulas de matemática, por exemplo, se aprende sobre tabelas logarítimas e leis trigonométricas, porém ninguém sai da escola sabendo controlar os próprios gastos. O brasileiro médio não sabe poupar e nem mesmo gastar menos do que ganha. Vive endividado, com o saldo do cartão de crédito, do cheque especial ou da conta da mercearia sempre estourado. Nas aulas de geografia ele aprende sobre os continentes, porém mal sabe consultar um mapa ou seguir um guia. Nas aulas de língua portuguesa aprendem sobre literatura clássica porém poucos conseguem identificar as características meramente comercias das novelas da televisão . Enfim falta ao conteúdo ensinado na escola uma equiparação ao sistema de vida atual em que a tecnologia e a comunicação imperam.

Assim sendo, resta-nos concluir que é necessária uma revolução geral na educação. Um choque de modernidade nas instalações, nos sistemas e principalmente nas pessoas que  trabalham nesse meio.  É preciso sair do meio comum e interagir com os outros setores e com as comunidades internacionais, mesmo porque na educação perdemos até mesmo apara nossos vizinhos sul-americanos. Enfim está na hora de sair dessa toca.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

ZÉ CAVALCANTE -ESTÓRIAS DO MEU IRMÃO

Zé Cavalcante-foto anos 70  

José Ferreira Cavalcante era meu irmão. Era dois anos mais velho que eu, porém crescemos juntos  e frequentamos a mesma escola até os 11 anos. Nesta idade em que completamos a 4ª série do primário, ele quis parar de estudar. Naquela época em Tapiraí, só havia o grupo escolar no qual se completava no máximo a 4ª série, e a educação se divida em Primário, Ginásio, Colegial e Superior.  Portanto,  quem quisesse cursar o ginásio tinha que viajar a Piedade todos os dias. E naquela época não havia nenhuma ajuda governamental para isto. Eram os pais que tinham que arcar com as despesas de transporte, numa estrada de terra e mal conservada, em que se levava 90 minutos para percorrer os 38 km. Pior que isto, as escolas não ofereciam merenda, e tínhamos que levar dinheiro para o lanche. Assim, naquela época só os mais abastados estudavam além do primário. Apesar da disponibilidade de meu pai em bancar nossos estudos, o Zé, que era como chamávamos meu irmão, não quis continuar estudando. Então passei a estudar sozinho em Piedade enquanto  ele permanecia em Tapiraí, ajudando no comércio e nos trabalhos do sítio, onde criávamos gado. Somente uns 5 anos mais tarde, quando instalou-se em tapiraí  o curso ginasial, foi  que ele resolveu frequentá-lo concluindo além deste o colegial.
Pois bem, o Zé sempre foi um cara inteligente, que obtinha boas notas na escola, porém tinha uma  personalidade  voltada para o comodismo, sem muita gana de lutar , o que acabava colocando-o em situações de grande aperto.. Assim contentava-se com uma vida simples, sem muita responsabilidade e com poucos olhos para as consequências da sua falta de atitudes. Assim sua vida foi pautada por acontecimentos que flutuaram entre a comédia e o drama, sempre ligados a sua falta de cuidados. São algumas destas estórias que eu quero aqui contar-lhes.
De certa feita, o Zé resolveu montar um time de futebol . Para tanto convidou alguns amigos e sem qualquer treino ou providência maior o time estava formado. Marcou-se então o primeiro jogo amistoso para a cidade de Juquiá, para onde rumaram os atletas, alguns de caminhão e outros no carro do Zé que era um Maverick verde . Pois bem , tudo corria bem até o momento da volta. Ai, o caminhão seguiu na frente e o Zé saiu um pouco mais tarde. Durante o percurso, furou um pneu do Maverick. Quando foram trocá-lo perceberam que o estepe também  estava furado. Só então o Zé lembrou-se que havia  esquecido de mandar consertá-lo. Precisaram amanhecer na estrada, até que conseguissem uma carona na segunda-feira...
Mas  este mesmo Maverick , foi o astro de outros acontecimentos. De certa feita quando percorria o “descidão” do Turvo, a tampa do capô se abriu e tapou a visão d o Zé que perdeu o controle do veículo que chocou-se contra o barranco.
Depois do  Maverick , o carro do Zé foi um VW TL azul. Deste me lembro que , de certa feita, o Zé voltava de uma viagem a praia , quando furou um dos pneus. Na época o Zé gozava  de prestígio junto a mulherada, e o carro estava lotado de garotas. Ele era o único  homem. Prontamente o Zé se pôs na tarefa de tentar trocar o pneu, porém não conseguia nunca posicionar o macaco. Foram infinitas tentativas, até que um pedestre passasse pela estrada e indicasse  que ele estava tentando posicionar o macaco de ponta-cabeça...Este mesmo TL foi  destruído após um choque com os trilhos de uma estrada de ferro em Sorocaba, quando o Zé tentava ensinar uma namorada à dirigir.
Além do Maverick e do TL, o Zé foi dono de um Opala amarelo, o qual teve os 4 pneus roubados numa madrugada em que ele largou o carro na estrada porque quebrou.
Um pouco mais velho, já casado, o Zé prestou concurso público na polícia civil e foi trabalhar de carcereiro na cadeia de Piedade. Tornou-se muito querido pelos presos, mesmo porque foi no seu período de trabalho que ocorreram ali as maiores fugas. Provavelmente por alguns descuidos do Zé.
Mas a estória do Zé teve um trágico fim. Morreu aso 50 anos, com dois tiros nas costas. A polícia até hoje não esclareceu o crime e ninguém foi punido por isto. Mais um descuido na trajetória da vida do meu irmão Zé.
Resta contar um último detalhe : o Zé nunca tirou carteira de motorista.

terça-feira, 7 de maio de 2013

AS 10 TECNOLOGIAS QUE MUDARÃO O MUNDO


Existem pelo menos dez tendências tecnológicas que mudarão o cenário mundial , ajudando a alcançar um crescimento sustentável nas próximas décadas. A conclusão foi feita pelo Fórum Econômico Mundial e inclui os seguintes itens:
 

1º ) VEÍCULOS ELÉTRICOS ONLINE (OLEV)

Com o desenvolvimento da corrente elétrica sem fios, estes veículos serão capazes de funcionar com uma bateria com um quinto da capacidade da bateria de um carro atual. Além disso, conjuntos de  bobinas de captação sob o assoalho do veículo, receberão a energia remotamente, através de um campo eletromagnético de transmissão gerados por cabos instalados sob a estrada.

2º) IMPRESSÃO 3-D DE OBJETOS –FABRICAÇÃO REMOTA OU ADITIVA

Produtos criados em computador são transformados em modelos de impressão, para reproduções reais feitas de plásticos, ligas leves ou outros materiais. Esta técnica promete ser a quarta revolução industrial, trazendo a era das máquinas livres.

3º) SENSORIAMENTO REMOTO

Na saúde, o desenvolvimento de sensores remotos , permitirão o monitoramento contínuo do corpo humano (frequência cardíaca, oxigenação do sangue, níveis de açúcar no sangue, etc) e , se necessário podem desencadear uma resposta médica como o fornecimento de insulina.

No trânsito , a comunicação veículo a veículo melhorará a segurança nas ruas e estradas.

4º) PURIFICAÇÃO E DESSANILIZAÇÃO DA ÁGUA DO MAR

Tecnologias emergentes oferecem o potencial de dessalinização e purificação da água do mar, que é uma fonte inesgotável deste líquido, imprescindível a sobrevivência humana. Estas tecnologias são mais eficientes em termos de energia, reduzindo o consumo em 50% ou mais, permitindo que o processo de osmose reversa seja viabilizado economicamente.

5º) CONVERSÃO E USO DO GÁS CARBÔNICO

A transformação dos resíduos de dióxido de carbono (CO2 ) em combustíveis líquidos ou produtos químicos de baixo custo, pode resolver uma das principais limitações ambientais dos combustíveis gerados a partir de matéria primas agrícolas, ou de algas, podendo fornecer combustíveis de baixo teor de carbono para automóveis , aviões ou outros grandes usuários de combustíveis líquidos.

Para isto estão sendo desenvolvidas bactérias fotossintéticas geneticamente modificadas.

6º) MATERIAIS QUE CURAM-SE SOZINHOS

Materiais que se consertam sozinhos podem reparar danos sem intervenção humana externa, o que poderá dar uma vida mais longa aos bens manufaturados e reduzir a demanda por matérias primas.

Outro potencial é o de melhorar a segurança na construção civil , carros e aviões, com materiais auto cicatrizantes. A tecnologia consiste na criação de materiais não vivos que têm a capacidade de recuperar-se quando cortados, rasgados ou quebrados, o que ocorre naturalmente nos organismos vivos.

7º) NUTRIÇÃO EM NÍVEL MOLECULAR

A produção em larga escala de proteínas alimentares puras para o ser humano, pode oferecer benefícios à saúde,  como melhor desenvolvimento muscular , gestão do diabetes e redução da obesidade. Isto será possível com a biotecnologia para nutrição molecular, que permite produzir proteínas com uma maior quantidade de aminoácidos essenciais, com melhores características nutricionais.

8º) APLICAÇÃO PRECISA DE MEDICAMENTOS

Esta tecnologia permitirá que os remédios sejam aplicados com precisão em nível molecular, no interior ou em torno de uma célula doente, com tratamentos mais eficazes e reduzindo os efeitos colaterais indesejados.

Para isto é utilizada a Engenharia em nano- escala, com produção de nano- partículas funcionalizadas que aderem ao tecido doente, permitindo a aplicação em microescala de potentes componentes terapêuticos .

Cientistas  mais ousados trabalham com a possibilidade de que nano-fábricas produzam medicamentos dentro do próprio corpo humano.

9º ) ELETRÔNICA ORGÂNICA

A Eletrônica Orgânica, baseia-se na utilização de materiais orgânicos para criar circuitos e dispositivos eletrônicos, substituindo o silício que têm alto custo.

Isto tornará os produtos extremamente baratos, comparados com os dispositivos eletrônicos tradicionais.

10º ) ENERGIA NUCLEAR COM REDUÇÃO DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS

O desenvolvimento de reatores nucleares de quarta geração, rápidos resfriados  por metal líquido , permitirão uma melhor utilização do urânio que é o combustível utilizado (atualmente utiliza-se apenas 1% da energia potencial disponível ,gerando uma enorme quantidade de lixo radioativo). Com isto a vida útil dos volumes de urânio minerado,  aumentarão em séculos, reduzindo drasticamente o volume e a toxidade do lixo nuclear, cuja radioatividade vai cair abaixo do minério original.

 

FONTE: Agência FAPESP

 

 

 

 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A AGRICULTURA FAMILIAR COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DE TAPIRAÍ

casa da agricultura de Tapiraí-abandonada 

Nos últimos dias temos falado muito da estagnação e falta de desenvolvimento que vem atingindo Tapiraí ,com falta de empregos, o que tem causado o êxodo dos nossos jovens, com conseqüente redução da população e todas as conseqüências advindas disso. Nesse panorama, além do Ecoturismo que parece ser uma boa alternativa, vejo o fomento da Agricultura Familiar como um outro caminho a ser trilhado.
A Agricultura Familiar é o cultivo da terra realizado por pequenos proprietários  rurais, com mão de obra essencialmente familiar. Hoje esta atividade é a principal responsável pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da população brasileira, é o que realmente chega à nossa mesa.
O Governo Federal através do PRONAF-Programa Nacional de Fortalecimento da  Agricultura Familiar , financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares . Por outro lado a lei 11947 de 2009, nova portanto , obriga as prefeituras a adquirirem pelo menos 30 %  dos produtos destinados a merenda escolar de Pequenos Produtores, o que já foi implantado em muitas prefeituras do estado. Agricultores de Piedade já vem se beneficiando disso fornecendo para prefeituras de grandes cidades da região metropolitana de São Paulo.
Mas o que falta para que isto aconteça em Tapiraí, é a parte que cabe a Prefeitura local. Ela deveria utilizar os dois engenheiros agrônomos que são seus funcionários para fomentar a atividade, fornecendo Assistência Técnica e Extensão Rural e assessorando os agricultores na formação de associações e cooperativas. Faz-se necessário um trabalho de educação não formal continuada, que ensine Processos de Gestão, Produção, Beneficiamento e Comercialização das atividades e serviços agropecuários e artesanais.
Na região dos Góes, Rio Bonito e Garcias, antigamente havia uma vasta produção agrícola que aos poucos foi sumindo diante da falta de apoio e assessoria. Acrediamos que faz-se necessário que se arregacem as mangas e se vá a luta  no sentido de fixar o homem a terra e dela tirar o seu sustento de uma forma digna, rentável e honesta. Fica aí o recado as pessaos que estão no poder.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

DONA JOVINA E O BOIADEIRO

Dona Jovina em fotografia de 1990

Dona Jovina Ferreira Magalhães, minha mãe nasceu no Ceará e veio para Tapiraí no inicio dos anos 40, com meu pai e mais 3 filhos pequenos. A viagem durou mais de um mês e foi feita sobre a carroceria de caminhão (pau-de-arara), e em certo trecho pelo Rio São Francisco por uma embarcação rude e insegura. Vieram para Tapiraí porque aqui já morava a família de um parente , o Zé Ribeiro. Foram morar no bairro da Água  Doce, primeiro na estrada que dá acesso ao Alecrim e depois a beira da rodovia, um quilometro além de onde até hoje mora a Bruna e o CIdo. Viveu na Agua Doce até 1968, quando meu pai adquiriu um Armazém em Tapiraí e nos mudamos para a cidade. Já éramos então 11 filhos.
Do  Boiadeiro, não sei  o nome. Ele apareceu em  Tapiraí no início dos anos 80. Segundo se comentava ele era funcionário de um circo que se armou por aqui e conheceu uma tapiraiense pela qual se apaixonou . Quando o circo foi-se embora, resolveu ficar por aqui. Por algum tempo viveu com a moça , porém com a bebedeira e a vida boêmia, acabou sozinho, sem parentes e sem ninguém e virou um morador de rua de Tapiraí. Dormia em um barraco nos fundos de onde hoje é o Centro Cultural.  Nessa época minha mãe já estava com os filhos criados e sem meu pai que infelizmente faleceu muito novo. Minha mãe morava nos fundos do Armazém agora tocado pelos meus irmãosi (em frente ao posto Aoki).
Eis que num belo dia o Boiadeiro, bateu a porta de minha mãe e pediu um prato de comida. Minha mãe prontamente lhe serviu. Ele sentou-se a beira da casa em um banco de madeira e ali almoçou. Daquele dia em diante, virou “freguês” assíduo de minha mãe. Virava e mexia La estava ele a janela de minha mãe pedindo um prato de comida, que minha mãe jamais negou.
Em 1991, minha mãe faleceu aos 77 anos. O Boiadeiro nesta época devia ter uns 40 anos. Estávamos todos tristes com a morte de minha mãe, porém conformados diante do fato de ela ter vivido de uma forma feliz a sua maneira, criando seus filhos e sendo  sempre amável , calma e muito religiosa, sem nunca discutir com ninguém. Mas eis que chega ao velório de minha mãe o Boiadeiro em prantos..., aproximou-se do esquife e pronunciou as seguintes palavras em voz trêmula: “ E agora..., quem é que vai me dar um prato de comida?”.
A cena comoveu a todos os presentes. Passados alguns anos, o Boiadeiro morreu atropelado por um veículo na madrugada de Tapiraí . Ninguém viu qual era o caminhão e nem quem era o motorista.Talvez pela humildade da pessoa do Boiadeiro, e por estar sempre bêbado, nem sequer se investigou quem foi  o assassino.
Estou narrando esta estória, porque ela faz parte da minha vida . O episódio do velório da minha mãe foi como que uma encomenda do além para nos mostrar o quanto minha mãe , na simplicidade do seu gesto tinha a ensinar a nós todos , seus filhos , netos e bisnetos.
Que todos tenham um velório como o de minha mãe!